ENTREVISTA FREDY JÚNIOR – JORNALISTA ESPORTIVO

Saiba um pouco mais sobre a profissão de jornalista esportivo com Fredy Júnior*.

Fredy Júnior

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Qual a formação necessária para exercer a função de jornalista esportivo? Existe algum curso específico?

Na profissão de jornalista não é obrigatório o diploma ou a faculdade de jornalismo, porém é necessário comprovar trabalhos realizados na área para ter seu MTB aprovado e conseguir ter espaço na profissão. Além dos cursos universitários de comunicação social e rádio TV, há cursos de pós-graduação que falam do jornalismo esportivo.

Você acha que as faculdades estão preparadas para formarem novos jornalistas esportivos no Brasil? O mercado está pronto para aceitar esses profissionais advindos das faculdades?

A grande dificuldade das faculdades é mostrar a realidade da profissão na prática. Normalmente a teoria é bem aplicada, mas nessa profissão a prática é fundamental. O mercado hoje está saturado com poucas vagas e muitos candidatos, existe dificuldade para colocação no mercado de trabalho.

Você acredita que, no Brasil, o jornalismo esportivo é reconhecido ou as outras modalidades, como jornalismo político, jornalismo econômico são mais valorizadas?

Ainda o jornalismo esportivo é o “patinho feio” do jornalismo, porém foi por meio da experiência no esporte que diversos jornalistas ganharam espaços nas mais diversas áreas de comunicação.

Quais as grandes dificuldades que você vê na área e o que fazer para mudar esse quadro?

Dificuldade é o mercado extremamente concorrido e pouco valorizado financeiramente e, nossa categoria teria que ser mais unida para melhorarmos o reconhecimento, condições de trabalho e melhorias na profissão.

Qual a grande diferença entre trabalhar no rádio, na televisão e na internet?

Hoje em dia quase não há, pois todas as áreas têm transmissões em vídeo e ao vivo, o que ajuda muito na formação do profissional.

Você acha que a experiência dentro de campo de um ex-atleta profissional é suficiente para assumir uma função de comentarista?

Não que seja suficiente, mas traz um olhar diferente do jornalista que não foi jogador profissional, porém é necessário também aprender e ter noções básicas da profissão.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial? Os iniciantes conseguem viver só do jornalismo esportivo?

Infelizmente nos últimos anos houve uma diminuição nos salários com a demissão de jornalistas experientes e contratações de jovens para ganharem salários baixos. O que acontece invariavelmente é o jornalista trabalhar em mais do que um lugar para conseguir pagar as contas.

Qual a sua visão sobre o futuro do jornalismo esportivo no Brasil?

Vejo com pessimismo na função de repórter que cada vez vê limitado o seu trabalho no dia a dia. Os clubes, federações e CBF querem cada vez mais treinos fechados e jornalistas longe da cobertura de treinos e isso está acabando com a função do repórter. As redes sociais e o YouTube tem sido uma saída para essa mudança na área.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Estudar a história do futebol, brasileiro e não só europeu, saber a história do jornalismo esportivo, como funciona uma transmissão, saber que finais de semana de folgas serão raros e o caminho é acompanhar bastante os jogos, modalidades, prestar atenção nas transmissões, no trabalho da equipe esportiva e ter uma boa cultura esportiva.

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*Fredy Júnior é Jornalista, Apresentador, Comentarista e Repórter. Formado em jornalismo pela FMU/FIAM. Repórter esportivo por 18 anos na Rádio Jovem Pan. Com experiências também no Portal Terra no programa Esportes Show por mais de 10 anos e site Pelé.net. Atualmente, tem o programa A Bola Não Para em canal próprio no YouTube e no Canal de São Paulo; participa como comentarista nos programas Os Donos da Bola na Band e Depois do Jogo no Bandsport, além de participar da Equipe Show de Bola de Pirassununga e na Rádio Craque Neto.

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ENTREVISTA IGOR OLIVEIRA – ANALISTA DE DESEMPENHO

Nessa entrevista falamos com o analista de desempenho do Bolivar (Bolívia), Igor Filipe Oliveira*.

Igor Filipe Oliveira

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Quais são as atribuições do analista de desempenho?

Responsável pelo material e informações qualitativas e quantitativas da sua equipe e adversário tanto individual, setor ou global.

Qual a formação necessária para exercer essa função?

Ainda não há uma regulamentação da área. Então, as pessoas podem se capacitar com os cursos ofertados.

Existe diferença entre fazer análise de jogos da equipe e dos adversários para quem faz estatísticas individuais de atletas?

Sim, pois as equipes são semelhantes em comportamentos, mas não iguais. Cada um tem uma necessidade específica diante da realidade local.

Como o analista deve se relacionar com o treinador para que este não ache que o analista está tentando determinar a forma de jogar ou a escalação em função da sua análise?

O analista é um facilitador. O treinador é quem toma as decisões finais. Essa relação de confiança deve ser seguida com sugestões, saber ouvir o outro lado (do treinador) para saber como se expressar.

Você acha que os clubes de alto rendimento que não possuem analista de desempenho estão defasados?

Atualmente creio que todos os clubes têm, não só analistas, como departamentos estruturados. Vivemos numa era de gestão de informação. Todos os dados coletados servem para uma melhor tomada de decisão. E, principalmente, a velocidade como estão processadas diante de um calendário corrido que nós temos. A preparação do próximo jogo sempre começa com as informações pontuais dos analistas.

Qual a importância da análise de desempenho nas categorias de base? Como esse profissional pode atuar na formação de atletas?

Atua na sensibilidade de saber o progresso de formação do atleta. É uma época de aprendizagem e em cada categoria você tem um volume de informações a serem trabalhadas.

Como você vê o mercado atual da análise de desempenho?

Bem consolidado. Tanto os clubes e as comissões técnicas têm aderido cada vez mais. E a análise se desenvolveu de forma rápida, que hoje existe o analista de mercado e de dados.

Qual a sua visão sobre o futuro da análise de desempenho no Brasil?

Veio para ficar. Cada vez mais consolidada e mais profissionais inseridos no mercado. Futebol evolui.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Primeiro, um plano de metas de carreira: Onde quero estar nos próximos três anos, por exemplo?

Segundo, ser paciente, pois é por meio do profissional que sairá as principais informações.

Terceiro, saber ouvir. O analista ouve mais do que age.

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*Igor Filipe Oliveira é analista de desempenho do F. C. Bolivar (Bolívia). Foi consultor de análise do Kashima Antlers (Japão) e analista de desempenho do Red Bull Bragantino (SP), C. R. Flamengo (RJ), Globo F. C. (RN), ICASA (CE), América F. C. (RN), A. D. Confiança (SE). Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe.

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ENTREVISTA WESLEY CARVALHO – TREINADOR DE FUTEBOL

Nessa entrevista falamos com Wesley Carvalho*, treinador de futebol.

Qual a formação necessária para ser técnico de futebol? Existe algum curso específico?

Na minha opinião acredito que o necessário para ser um treinador tem que ter uma formação acadêmica, “Educação Física, Administração com foco em Gestão de Pessoas, Psicologia…” além de conhecimento dentro da área, experiência como atleta ou treinador formador a muito tempo. Existem hoje cursos na CBF Academy (Licenças A, B e C) que lhe oferecerá um embasamento, entretanto terá alguns requisitos para ingressar nos mesmos, definidos pela gestão do próprio curso, isso para definir em qual Licença o profissional irá iniciar. Isso tem no regulamento das Licenças. 

Como a formação dos técnicos de futebol no Brasil está em relação à formação no exterior?

Pelo que tenho observado estão bem equiparadas, mesmo porque nas Licenças A e B, que cursei na CBF Academy, tivemos instrutores europeus trazendo ótimos conteúdos, talvez o que eles tem em vantagem são as competições, promovem vários torneios para levar aos atletas e treinadores a experiência desde cedo contra equipes de nível alto.

No futebol se valoriza muito os ex-atletas para assumirem cargos de direção técnica, mesmo sem formação alguma, realmente a experiência como jogador é fundamental para a função de técnico?

Podem até ter alguns que irão valorizar pelo fato do indivíduo ser um ex-atleta ou um ex-ídolo, entretanto pelo regulamento das competições da CBF “Brasileirão Profissional e Sub-20 / Sub-17, Copa do Brasil Profissional e Sub-20 / Sub-17”. São obrigatórios que os treinadores estejam com as Licenças correspondentes para poderem entrar na súmula, então esses ex-atletas terão obrigatoriedade de cursá-las. Assim como o Campeonato Paulista em todos os seus campeonatos, seguem os mesmos protocolos de regulamento.  Porém, não podemos descartar que a experiência vivida durante vários anos dentro deste esporte por esse profissional seja irrelevante, é uma variável importante sim, mas não a faz como prioridade para definir quem será bem-sucedido como treinador.

Como o mercado do futebol vê os profissionais que querem ingressar nessa área, mas que não atuaram como atletas profissionais?

Vejo como normal, o que os pretendentes ao cargo de treinador de futebol têm que fazer é buscar conhecimento, seja ele ex-atleta ou não, como um pretendente que não é ex-atleta deverá gerar oportunidades melhores? Buscando primeiro fazer os cursos da CBF Academy, conhecimento teórico, para ter condições de gerar oportunidades de obter experiências inicialmente pelas divisões de base dos clubes. Os campeonatos Brasileiros Sub-20 e Sub-17 e Copa do Brasil Sub-20 e Sub-17, além do Campeonato de Aspirantes, nos dão uma grande oportunidade de crescimento. 

Hoje se valoriza muito a profissão de técnico de futebol, você acredita que os profissionais estão realmente preparados para essa valorização?

“Vivemos num aprendizado constante”. Apesar de entendermos que estamos preparados e prontos para toda a demanda que um profissional, seja ele do futebol ou de qualquer outra profissão, sempre vamos aprender algo novo. Mas… acredito que temos muitos treinadores capacitados e preparados para tal função.

Quais seriam os profissionais que deveriam integrar a comissão técnica de uma equipe de alto rendimento, na base e no profissional?

Comissão Técnica Base: Treinador; Assistente técnico; analista de desempenho; Preparador Físico; Assistente Preparador físico; Treinador de Goleiro; Fisiologista (geralmente esse atende Sub-20 e Sub-17); assistente de fisiologia; Psicólogo; Nutricionista.

Comissão Técnica Profissional: Treinador; 3 assistentes Técnicos; 2 Analistas de desempenho; Preparador Físico;2 Assistentes Preparadores físicos; Treinador de goleiros; Assistente Preparador de goleiros;  Coordenador Científico; Fisiologista; assistente de Fisiologia; Psicólogo; Nutricionista; Assistente de nutrição.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial?

A remuneração ela é aleatória, cada um discute e fecha seus contratos, existem alguns padrões de mercado, como multas de 2 salários no caso de demissão, mas…. isso é muito peculiar a cada clube e treinadores.

Em sua opinião, existe um perfil de liderança ideal para o técnico de futebol?

Ser treinador é ser mais que um líder propriamente dito, mesmo porque ele vai demandar de vários conhecimentos para gerir seus próximos: Diretoria, comissão, staff, atletas, empresários e familiares. Isso sem falar nos externos, que o treinador não tem como mudar, mas conviverá com eles; torcida e imprensa. Então esse líder terá que usar todas as ferramentas disponíveis da gestão administrativa e contar com seus integrantes da comissão para dar conta de toda essa demanda.  Entretanto acredito muito a sinceridade, verdade, para que o treinador tenha uma coerência em todas as suas decisões.

Qual a sua visão sobre o futuro do futebol no Brasil?

Melhoramos muito, entretanto não temos como desassociarmos futebol do resto da sociedade, o futebol é um empreendimento que pode mudar pessoas, vidas e gerar oportunidades para muitos que talvez não teria outra oportunidade na vida. Então temos muito a crescer em todos os aspectos.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Acredite nas suas convicções e busque o conhecimento teórico e prático constantemente, assim se tornará um grande profissional. E não o guarde só para você, pois ensinando também se aprende!!!

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*Wesley Carvalho é treinador de futebol, formado em Administração de Empresas com ênfase em Gestão de Pessoas pela FTC e possui as Licenças A e B de treinadores da CBF. Trabalhou nas equipes do E. C. Vitória (BA). E. C. Bahia (BA) e S. E. Palmeiras (SP), tanto em categorias de base como no profissional. Foi auxiliar técnico da Seleção Brasileira Sub-20 em 2018.

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