Especialização é a “ação de especializar, de passar a possuir conhecimentos ou habilidades em determinada área” (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS).
A especialização no esporte de alto nível é necessária, mas ela deve ocorrer o mais tarde possível e, com base numa estrutura de treinamento adequada ao desenvolvimento, que propiciará uma aquisição adequada das habilidades e um desenvolvimento harmonioso do jovem (WEINECK, 1991). Bompa (2002) sugere na figura abaixo a especificidade do treinamento de acordo com a faixa etária.
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Estudos recomendam que a especialização esportiva não deve começar antes da idade de 15 ou 16 anos na maioria dos esportes. Esse período vai coincidir com o fim do estirão de crescimento, principalmente nos meninos.
Até por volta do sub-13, os atletas deveriam jogar em diferentes posições, experimentar diferentes funções, jogar do lado direito e esquerdo, defesa, meio e ataque, assim vivenciariam variadas ações multilaterais e multifatoriais que desenvolveriam suas habilidades de forma mais completas.
A falta dessa formação múltipla do organismo acarretará em prejuízo para a obtenção de habilidades futuras.
Na especialização ocorrem cargas intensas e monótonas, que podem ocasionar um desgaste psicológico, como na utilização acentuada de treinamentos não adequados à idade – grande motivo de desistência do esporte. O uso de cargas específicas antes do momento oportuno gera estresse físico e emocional acentuado, podendo afastar os jovens dos treinamentos e competições.
A especificidade excessiva no treinamento pode resultar em lesões por overuse (excesso de atividade em uma área particular do corpo durante um tempo prolongado). Outro risco que pode ocorrer na especificidade excessiva, é o desequilíbrio entre os músculos agonistas e antagonistas do movimento específico.
A capacidade da criança em suportar carga é limitada, podendo ocorrer desgaste prematuro de cartilagem, ossos, tendões e ligamentos.
Com a especialização precoce pode até ocorrer um ganho imediato, mas certamente ocorrerão prejuízos no futuro.
O treinador deverá introduzir uma variabilidade de atividades e habilidades no processo de aprendizagem e treinamento. A especialização deve ocorrer depois que os atletas tiverem adquirido uma sólida base multilateral de aprendizagem de habilidades motoras (BOMPA, 2002).
Portanto, os treinadores e professores devem se preocupar com a formação completa dos seus atletas e não em formar “campeões” cedo.
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Referências Bibliográficas:
– BOMPA, Tudor O. Treinamento total para jovens campeões. Barueri: Manole, 2002.
– DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/especializacao/>. Acesso em: 02 mai. 2017.
– WEINECK, J. Biologia do Esporte. São Paulo: Manole, 1991.
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Por Fabio Cunha
* Técnico de Futebol; Coordenador Técnico da A. D. Guarulhos; Professor da Faculdade de Educação Física da Unifieo; Mestre em Ciências do Movimento (UnG); Pós-graduado em Metodologia da Aprendizagem e Treinamento do Futebol (UGF); Pós-graduado em Psicologia Esportiva (UCB); Pós-graduado em Treinamento, Técnicas e Táticas Esportivas (Fac. Pitágoras) e Bacharel em Esporte com Habilitação em Treinamento em Futebol (USP). Autor dos livros: Torcidas no futebol: espetáculo ou vandalismo? e Técnico de futebol: a arte de comandar. Palestrante em cursos, seminários e congressos em todo o Brasil.
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