A administração do esporte deve contemplar aspectos como planejamento e qualificação dos profissionais
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Neste artigo tentarei transmitir alguns aspectos importantes para a gestão de equipes e que fogem um pouco daquilo que comumente é apresentado em artigos acadêmicos, pois muitos preceitos foram extraídos da minha vivência de quase 20 anos no futebol. Muitos artigos que leio dão a entender que os clubes fazem tudo errado, o que não é verdade.
A seguir, abordo quatro tópicos que julgo essenciais para a gestão de um time:
1º) Planejamento técnico e financeiro – uma coisa está atrelada a outra. É uma equação difícil, pois ao mesmo tempo em que o clube precisa de grandes atletas (e que custam caro!) os recursos precisam ser aplicados de forma a não “quebrar” a agremiação. Neste item cabe ao dirigente saber o quanto pode ser gasto. Para isto, é importante que ele conheça seu fluxo de caixa e estabeleça critérios para contratações. Criar faixas salariais e prêmios por objetivos alcançados são formas que podem evitar disparidades de ganhos e minimizar eventuais descontentamentos dos jogadores.
2º) Formação global de atletas – um clube que deseja sair do lugar comum precisa possuir uma boa estrutura física (campos, quartos, refeitório, departamento médico, academia, locais para lazer, sala de estudos, salão para palestras etc.) e também formar seus atletas nas mais diversas competências: técnica, tática, física, emocional, educacional, social e cultural, entre outras. Em qualquer área profissional as pessoas que se destacam são aquelas que possuem um diferencial e no esporte isto não é diferente.
3º) Qualificação dos profissionais – não adianta falarmos em estrutura e preocuparmo-nos em qualificar os atletas se os encarregados desta tarefa não estiverem devidamente capacitados. Os profissionais que atuam em categorias de base devem compreender a abrangência e complexidade do trabalho junto aos futuros craques. É comum observarmos clubes que investem altas somas em sua estrutura física e falham justamente neste item. Ressalto que as atenções não devem estar voltadas apenas à equipe principal. Deve haver integração entre todas as categorias, de forma a facilitar a adaptação dos jogadores no momento em que forem promovidos.
4º) Instrumentos de avaliação – com raríssimas exceções, os atletas são avaliados com base no “olhômetro” do treinador. Atualmente, há ferramentas que podem contribuir significativamente para uma tomada de decisão mais segura, que analisa o jogador de uma forma mais abrangente, não apenas nos quesitos técnico e tático, mas também nos aspectos físicos, fisiológicos, clínicos e psicológicos, entre outros. Todos os clubes precisam contar com sistemas deste tipo porque oferecem às agremiações a oportunidade de saber, a qualquer momento, o nível geral dos seus atletas. Atualmente, muitas informações são perdidas quando um técnico é dispensado; isto porque a extinta comissão técnica leva embora quase todos os dados dos jogadores.
Tais questões carecem de aprofundamento, mas espero ter conseguido provocar uma atenção para esses assuntos de quem milita na área.
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“Os profissionais que atuam em categorias de base devem compreender a abrangência e complexidade do trabalho junto aos futuros craques.”
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Por Antonio Afif
Especialista em gestão do futebol; autor de livros sobre o tema; atuou em várias equipes do Brasil
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