SERÁ A ORGANIZAÇÃO OFENSIVA MUITO IMPORTANTE NA FORMA COMO UMA EQUIPE DEFENDE?

Tal como tantos outros, sou apologista de “construir uma equipe de trás para a frente”. No entanto, seria interessante que refletíssemos neste espaço sobre Como defender para atacar?

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Na minha opinião, o que pode aferir-se do DNA de cada equipe e pensamento dos seus responsáveis técnicos tem a ver com a forma como, na altura da perda de bola, na sequência de transições rápidas ou ataque organizado, essa ansiedade de ter a bola não resulta na oferta da vitória ao adversário!

A “síndrome de posse de bola” envolvendo setores e corredores, potenciando o desequilíbrio, com a construção curta, mas a descurar o espaço e a sua ocupação objetiva e criteriosa, da mesma forma que, movimentos específicos como 2X1, interiorização de jogadores exteriores, mobilidade ofensiva, construção pelos DC etc., são, na sua essência, átomos de uma mesma molécula que hierarquicamente elege princípios e subprincípios técnico-táticos, de menor subjetividade, para que haja uma crescente identificação de, e entre os jogadores, o que permite, em simultâneo, aumentar a eficácia competitiva.

Assim sendo, no trabalho diário e na exposição à tarefa individual, qual a ênfase a ser dada ao equilíbrio e à leitura de jogo defensivo em situações de ataque?

Deverão ser trabalhados a forma e o conteúdo do momento, os quais, quando inflamados pela oportunidade, resultarão na sorte do adversário que nada fez mas ganhou?

Eu considero, tal como o Prof. Dr. Jorge Castelo, que a linha de sustentação e o entre linhas, são princípios que, na construção e criação de jogo ofensivo, deverão ser considerados como muito importantes.

Será ainda prioritário construir uma equipe de jogadores com maturidade competitiva, mas, acima de tudo, EMOCIONAL, aptos a interpretar o jogo coletivo e a gerar uma ATITUDE de LIDERANÇA, construindo PRESENÇA aglutinadora da vontade de ter a bola para GANHAR!

Caso esta situação não se verifique, há que desenvolver as capacidades individualmente, otimizando e detalhando o momento em que está a ser construída ou criada a oportunidade, mas nunca descurando que o adversário, qual felino voraz, potencializa a sua sorte no fato de uma relação intersetorial ser muito exposta ao risco, e de, no cálculo das probabilidades, o GOL poder ficar na nossa baliza!

Assim, numa outra dimensão, este poderá tornar-se num dos grandes paradigmas atuais, bastará observar como é abordado pelos adversários o tik-taka do Barcelona ou, nas suas transições, o Real Madrid de Mourinho, ou, naquele que é hoje o futebol de eleição, a intensidade do Bayern ou do Borussia Dortmund.

É fundamental o ensino do futebol e importante determinar o tempo a dedicar ao estudo de cada um dos momentos do jogo, bem como dos subespaços que o futebol cria no seu desenvolvimento organizacional e racional, para cada um dos seus intervenientes, já que nós, os treinadores, ficamos de fora aquando do desenrolar do mais importante: O JOGO!

Para além das já referidas preparações técnico-tática e emocional, existe como é obvio a competição de per si, traduzida pelo confronto com o adversário, em circunstâncias e pormenores únicos, com uma infinita panóplia de estímulos, de origens diversas e imprevisíveis, que nos levam a treinar em antecipação, mas sem que possamos ou sequer devamos desvirtuar aquilo que de mais belo esta modalidade desportiva oferece: a imprevisibilidade e a criatividade!

Em suma: procurei expressar a minha opinião, através da abordagem de alguns aspetos que poderão, neste contexto, servir de base a discussões mais amplas e estruturadas, para as quais poderão contar com o meu apoio, já que fazem parte do meu caminho e carreira no mundo do futebol, que continuarei a construir com autonomia, identidade e dedicação.

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Saudações desportivas.

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Por Helder Baptista
Treinador de futebol. Iniciou em 1999 num pequeno Clube do Norte de Portugal, CCD Santa Eulália, e na época seguinte passou para o Futebol Clube de Vizela, onde treinou os escalões de sub-14, sub-17 e sub-19. Durante 7 épocas, além de treinador, também foi Coordenador do departamento de formação. Após 2007 passou a treinar equipas de futebol sénior, inicialmente no campeonato regional de Braga e depois no primeiro escalão nacional a III Divisão, hoje conhecida como Campeonato de Portugal. Nas últimas épocas tem integrado o futebol profissional na II Liga de Portugal. 2014/16 Adjunto no Olhanense SC, com a responsabilidade de scout, e em 2016/ 17 no FC Famalicão como Diretor Técnico da Formação, responsabilidade na certificação da Academia de formação.

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