ENTREVISTA FREDY JÚNIOR – JORNALISTA ESPORTIVO

Saiba um pouco mais sobre a profissão de jornalista esportivo com Fredy Júnior*.

Fredy Júnior

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Qual a formação necessária para exercer a função de jornalista esportivo? Existe algum curso específico?

Na profissão de jornalista não é obrigatório o diploma ou a faculdade de jornalismo, porém é necessário comprovar trabalhos realizados na área para ter seu MTB aprovado e conseguir ter espaço na profissão. Além dos cursos universitários de comunicação social e rádio TV, há cursos de pós-graduação que falam do jornalismo esportivo.

Você acha que as faculdades estão preparadas para formarem novos jornalistas esportivos no Brasil? O mercado está pronto para aceitar esses profissionais advindos das faculdades?

A grande dificuldade das faculdades é mostrar a realidade da profissão na prática. Normalmente a teoria é bem aplicada, mas nessa profissão a prática é fundamental. O mercado hoje está saturado com poucas vagas e muitos candidatos, existe dificuldade para colocação no mercado de trabalho.

Você acredita que, no Brasil, o jornalismo esportivo é reconhecido ou as outras modalidades, como jornalismo político, jornalismo econômico são mais valorizadas?

Ainda o jornalismo esportivo é o “patinho feio” do jornalismo, porém foi por meio da experiência no esporte que diversos jornalistas ganharam espaços nas mais diversas áreas de comunicação.

Quais as grandes dificuldades que você vê na área e o que fazer para mudar esse quadro?

Dificuldade é o mercado extremamente concorrido e pouco valorizado financeiramente e, nossa categoria teria que ser mais unida para melhorarmos o reconhecimento, condições de trabalho e melhorias na profissão.

Qual a grande diferença entre trabalhar no rádio, na televisão e na internet?

Hoje em dia quase não há, pois todas as áreas têm transmissões em vídeo e ao vivo, o que ajuda muito na formação do profissional.

Você acha que a experiência dentro de campo de um ex-atleta profissional é suficiente para assumir uma função de comentarista?

Não que seja suficiente, mas traz um olhar diferente do jornalista que não foi jogador profissional, porém é necessário também aprender e ter noções básicas da profissão.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial? Os iniciantes conseguem viver só do jornalismo esportivo?

Infelizmente nos últimos anos houve uma diminuição nos salários com a demissão de jornalistas experientes e contratações de jovens para ganharem salários baixos. O que acontece invariavelmente é o jornalista trabalhar em mais do que um lugar para conseguir pagar as contas.

Qual a sua visão sobre o futuro do jornalismo esportivo no Brasil?

Vejo com pessimismo na função de repórter que cada vez vê limitado o seu trabalho no dia a dia. Os clubes, federações e CBF querem cada vez mais treinos fechados e jornalistas longe da cobertura de treinos e isso está acabando com a função do repórter. As redes sociais e o YouTube tem sido uma saída para essa mudança na área.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Estudar a história do futebol, brasileiro e não só europeu, saber a história do jornalismo esportivo, como funciona uma transmissão, saber que finais de semana de folgas serão raros e o caminho é acompanhar bastante os jogos, modalidades, prestar atenção nas transmissões, no trabalho da equipe esportiva e ter uma boa cultura esportiva.

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*Fredy Júnior é Jornalista, Apresentador, Comentarista e Repórter. Formado em jornalismo pela FMU/FIAM. Repórter esportivo por 18 anos na Rádio Jovem Pan. Com experiências também no Portal Terra no programa Esportes Show por mais de 10 anos e site Pelé.net. Atualmente, tem o programa A Bola Não Para em canal próprio no YouTube e no Canal de São Paulo; participa como comentarista nos programas Os Donos da Bola na Band e Depois do Jogo no Bandsport, além de participar da Equipe Show de Bola de Pirassununga e na Rádio Craque Neto.

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ENTREVISTA IGOR OLIVEIRA – ANALISTA DE DESEMPENHO

Nessa entrevista falamos com o analista de desempenho do Bolivar (Bolívia), Igor Filipe Oliveira*.

Igor Filipe Oliveira

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Quais são as atribuições do analista de desempenho?

Responsável pelo material e informações qualitativas e quantitativas da sua equipe e adversário tanto individual, setor ou global.

Qual a formação necessária para exercer essa função?

Ainda não há uma regulamentação da área. Então, as pessoas podem se capacitar com os cursos ofertados.

Existe diferença entre fazer análise de jogos da equipe e dos adversários para quem faz estatísticas individuais de atletas?

Sim, pois as equipes são semelhantes em comportamentos, mas não iguais. Cada um tem uma necessidade específica diante da realidade local.

Como o analista deve se relacionar com o treinador para que este não ache que o analista está tentando determinar a forma de jogar ou a escalação em função da sua análise?

O analista é um facilitador. O treinador é quem toma as decisões finais. Essa relação de confiança deve ser seguida com sugestões, saber ouvir o outro lado (do treinador) para saber como se expressar.

Você acha que os clubes de alto rendimento que não possuem analista de desempenho estão defasados?

Atualmente creio que todos os clubes têm, não só analistas, como departamentos estruturados. Vivemos numa era de gestão de informação. Todos os dados coletados servem para uma melhor tomada de decisão. E, principalmente, a velocidade como estão processadas diante de um calendário corrido que nós temos. A preparação do próximo jogo sempre começa com as informações pontuais dos analistas.

Qual a importância da análise de desempenho nas categorias de base? Como esse profissional pode atuar na formação de atletas?

Atua na sensibilidade de saber o progresso de formação do atleta. É uma época de aprendizagem e em cada categoria você tem um volume de informações a serem trabalhadas.

Como você vê o mercado atual da análise de desempenho?

Bem consolidado. Tanto os clubes e as comissões técnicas têm aderido cada vez mais. E a análise se desenvolveu de forma rápida, que hoje existe o analista de mercado e de dados.

Qual a sua visão sobre o futuro da análise de desempenho no Brasil?

Veio para ficar. Cada vez mais consolidada e mais profissionais inseridos no mercado. Futebol evolui.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Primeiro, um plano de metas de carreira: Onde quero estar nos próximos três anos, por exemplo?

Segundo, ser paciente, pois é por meio do profissional que sairá as principais informações.

Terceiro, saber ouvir. O analista ouve mais do que age.

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*Igor Filipe Oliveira é analista de desempenho do F. C. Bolivar (Bolívia). Foi consultor de análise do Kashima Antlers (Japão) e analista de desempenho do Red Bull Bragantino (SP), C. R. Flamengo (RJ), Globo F. C. (RN), ICASA (CE), América F. C. (RN), A. D. Confiança (SE). Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe.

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ENTREVISTA RAFAEL SEPEDA – ÁRBITRO ASSISTENTE

Nessa entrevista falamos com Rafael Sepeda*, árbitro assistente de futebol, sobre essa tão difícil e importante função dentro de uma partida de futebol.

Rafael Sepeda

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Qual a formação necessária para exercer essa função? Existe um curso específico?

A formação necessária é ter o ensino médio completo e ser maior de 18 anos e fazer um curso de formação para Árbitro de Futebol, que é ministrado pelas Federações Estaduais. O curso é o mesmo para Árbitros e Árbitros Assistentes, ao final do curso é que o aluno escolhe a função que quer seguir. E, pelo menos duas vezes no ano, todos do quadro são submetidos a provas físicas e teóricas, que são habilitadoras para poder trabalhar nos campeonatos. Esses são os requisitos básicos para ingressar no quadro de Arbitragem das Federações locais. Para ingressar no quadro de Árbitros da CBF é necessário ter no máximo 35 anos e ter formação em curso superior, em qualquer área e ser indicado pela Comissão de Arbitragem de seu Estado.

Como é a preparação de um árbitro de futebol?

A preparação de um árbitro de futebol é muito parecida com a de um atleta de futebol. Treinos físicos diários, academia, acompanhamento nutricional e psicológico.

Quais as grandes dificuldades que você vê na área e o que fazer para mudar esse quadro?

A grande dificuldade na área é ter que conciliar a profissão com a atividade de Árbitro de Futebol (viagens, cursos, preparação física e outros). A solução para mudar esse quadro é profissionalizar a categoria, assim poderíamos exercer com exclusividade a atividade de Árbitro de Futebol.

Como é a remuneração de um árbitro assistente nas categorias de base, no amador e no profissional?

A remuneração (taxa por jogos) dos árbitros é definida pelas federações locais, nos campeonatos estaduais e pela CBF, nos campeonatos brasileiros. Cada divisão e categoria tem uma taxa de arbitragem específica.

Você acha que os árbitros e os árbitros assistentes de futebol no Brasil deveriam ser profissionais?

Com certeza a categoria deveria ser profissionalizada. Mas, para isso acontecer, precisa ser muito bem debatido entre as partes. Esse assunto parece ser simples, mas tem muitas outras coisas envolvidas.

Você acha que existe respeito pela figura do árbitro e do árbitro assistente de futebol por parte da imprensa, torcida, jogadores e dirigentes?

Sim. Existe respeito pela figura do Árbitro. Todos nós sabemos que o futebol mexe muito com a emoção das pessoas envolvidas, por isso algumas vezes temos excessos, mas em geral esse respeito existe.

Qual a sua visão sobre o futuro da arbitragem no futebol brasileiro?

O futuro é promissor, cada vez mais as Federações e a CBF investem na Arbitragem, com cursos, treinamentos, melhorias na remuneração e outros investimentos. Tudo isso corrobora para uma melhor atuação da equipe de arbitragem em um jogo.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

A principal dica que eu posso dar é: quem tem interesse na atividade que inicie o quanto antes, pois algumas etapas na caminhada de um Árbitro envolvem a idade. Procure a Federação de Futebol do seu Estado para se informar sobre o curso de formação de Árbitro de Futebol. Além disso, deve estudar muito o Livro de Regras de Futebol e se dedicar ao treinamento físico para poder suportar os noventa minutos de um jogo.

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*Rafael Sepeda de Souza é árbitro assistente de futebol da FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) desde 2011; árbitro assistente de futebol da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) desde 2019; árbitro assistente de vídeo da CBF desde 2021. Graduado em Fisioterapeuta.

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ENTREVISTA PAULO RIBEIRO – PSICÓLOGO DO ESPORTE

Nessa entrevista falamos com Paulo Ribeiro*, psicólogo do Botafogo Futebol e Regatas, sobre essa função tão fundamental no futebol moderno.

Paulo Ribeiro

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O que acha do mercado da psicologia esportiva no Brasil? Estamos muito longe do mercado europeu e americano?

O mercado da psicologia esportiva no Brasil está numa crescente, mas ainda de forma bem lenta. É uma coisa complicada, porque estamos longe do mercado europeu e americano, que já tratam a psicologia do esporte como uma prioridade, enquanto ainda no Brasil não se trata a psicologia do esporte como prioridade. Apesar disso, já temos avanços bem significativos.

Estou a 34 anos nesse mercado, comecei em 1986 no Vasco da Gama, quando ainda ninguém pensava na psicologia do esporte. Vejo hoje várias equipes com esse tipo de trabalho, posso dizer que houve um aumento importante, embora nas equipes principais sejam poucos os clubes com o trabalho efetivo, já nas categorias de base a grande maioria já possui psicólogo. Acredito que já seja uma vitória nossa essa evolução. Como tudo no Brasil é tão lento, as pessoas vão absorvendo a importância desse segmento do treinamento esportivo de uma forma mais vagarosa.

Quais as grandes dificuldades que você vê na área e o que fazer para mudar esse quadro?

A primeira grande dificuldade é a aceitação por parte dos treinadores, porque as pessoas ligam a questão do psicólogo com ganhar jogo. A função do psicólogo no esporte não é para isso, na verdade o trabalho do psicólogo é tratar da saúde mental do atleta para que ele esteja em condições de competir, para que ele esteja em condições de enfrentar os grandes desafios que essa carreira do alto rendimento exige dele. Os desafios são de toda ordem, as pressões são grandes. Quanto mais você tem o atleta estimulado, do ponto de vista mental, mais preparado estará para executar as funções que o treinador necessita.

O segundo grande entrave é com relação aos atletas perceberem que o trabalho do psicólogo não é coisa para maluco, ainda existe um preconceito grande na cabeça das pessoas de que o psicólogo irá tratar alguma doença, quando na verdade queremos mexer nas valências que são relacionadas ao trabalho físico, técnico e tático, ou seja, tudo que ele precisa ter, em termos psicológicos, para que ele consiga desempenhar melhor essas funções que mencionei, essas variáveis.

No futebol ainda existe um preconceito com a profissão de psicólogo, sendo esta tratada como uma função dispensável. O que fazer para mudar esse quadro?

É a conscientização do treinador de que no tripé que está apoiado o treinamento esportivo, físico, técnico/tático e psicológico, não existe condição de separar a mente do corpo. No momento que o treinador ou a agremiação consegue entender que o atleta quando vai jogar, não deixa o seu “Eu” em casa, que não separa o atleta da pessoa, poderá entender que é possível fazer com que o atleta, no momento do jogo, esteja com sua concentração diferenciada, com sua atenção diferenciada, com seus níveis de ansiedade e estresse controlados. Mas para mudar esse quadro é primeiro crer nisso.

Até que ponto o psicólogo pode interferir na escalação de um atleta?

Só se fosse uma coisa muito grave que está acontecendo com o atleta, para que o psicólogo possa chegar no treinador e relatar o problema que o atleta passa e, sugerir, que ele poderia não ser escalado por isso. Mas essa decisão deveria ser de comum acordo com o atleta, pois ele deveria saber disso e, se seria necessário poupá-lo de um problema maior. Essa conversa com o treinador, então se faria necessária, porém a decisão final deveria ter anuência do atleta sempre.

Como lidar com os diferentes perfis de liderança dos treinadores? Existe algum perfil mais fácil e mais difícil de trabalhar?

Existe sim perfis mais fáceis de trabalhar, e esses são aqueles que têm uma visão sistêmica do treinamento esportivo, que é o treinador perceber que o atleta é multifatorial. O que acontece com o atleta pode vir de várias ordens, de vários seguimentos da vida dele. Então, quando um treinador consegue ter essa visão sistêmica, com certeza fica muito mais fácil trabalhar. Já o treinador autocrático, que sabe tudo, que decide tudo, não ouve ninguém, fica difícil não só para o psicólogo, mas para os outros membros da comissão técnica também.

Qual a formação necessária para exercer essa função?

Não basta o psicólogo sair da universidade, com cinco anos de graduação, e achar que ele é um psicólogo do esporte, porque existe uma diferença muito grande entre um psicólogo clínico com uma formação generalista, que as universidades promovem, para aquele que vai trabalhar com uma especialidade. O Conselho Regional de Psicologia determinou, como uma especialidade, desde 2001 a Psicologia do Esporte, para tal precisa de uma especialização, precisa de um curso de formação, um curso de pós-graduação, porque existem nuances nos atletas, nas equipes, em cada modalidade esportiva, que o profissional precisa conhecer. Conhecimentos como: linguagem própria da modalidade, como e em que momento conversar com o atleta, periodização do treinamento, saber o momento certo de aplicar determinada técnica com o atleta, se antes durante ou depois da competição.

Você acha que as faculdades de psicologia estão prontas e preparadas para formarem novos psicólogos do esporte no Brasil?

Não, as universidades não estão preparadas para isso, pois a formação do psicólogo é generalista. Sem especialização nessa área o conhecimento é defasado.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial? Os profissionais são contratados dos clubes ou são prestadores de serviço?

Não existe um piso ou teto salarial, isso vai variar de clube para clube. Na maioria das vezes o profissional é contratado pelo clube, isso é importante pois o psicólogo deve estar inserido na história da instituição, que ele possa conhecer as nuances do local onde vai trabalhar. Psicólogo do esporte, NÃO É BOMBEIRO, ele não é preparado para chegar e fazer uma palestra pirotécnica onde vai contar a vida de um ídolo maravilhoso e o que ele fez com sua vida, sem conhecer o grupo com que ele vai trabalhar, sem conhecer os atletas que ele tem, se esses atletas estão ou não preparados para receber esse tipo de informação. É preciso ter muito cuidado com o que se fala e se apresenta no trabalho.

Qual a sua visão sobre o futuro da psicologia no futebol brasileiro?

A minha visão da psicologia no futebol brasileiro ainda não é boa, pelo menos nas equipes principais. Há que acontecer uma mudança de mentalidade nos treinados e nos clubes, e que eles consigam de fato entender o trabalho. É importante entenderem que a saúde mental é condição sine qua non para que um atleta possa competir. No momento que tiverem a visão sistêmica do fenômeno esportivo, como salientei anteriormente, poderão dar valor a um atleta que tenha um capital mental forte e, com isso, possa suportar as grandes pressões, dificuldades e desafios que irão encontrar pela frente.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Para quem quer entrar nessa área, é necessário buscar um curso de formação e uma associação de psicologia do esporte, que hoje existem nos grandes centros do Brasil. Para se ter uma ideia, no ciclo olímpico de Londres em 2012 era dois psicólogos para cuidar de mais de 200 atletas, já no ciclo olímpico para o Rio 2016, foram 33 psicólogos do esporte atuando com os atletas brasileiros. A partir desse momento, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) criou um laboratório, chamado Time Brasil, onde se tem os mais diversos profissionais trabalhando em prol do rendimento do atleta, dentre eles alguns psicólogos do esporte. É, então, muito bacana ver que o COB criou esse laboratório e que incentiva isso nas federações e confederações. O futuro dentro do esporte, de um modo geral, vejo como muito promissor, já o futebol para mim ainda é uma interrogação.

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*Paulo Ribeiro é atualmente psicólogo do Botafogo de Futebol e Regatas; Doutorando em Psicologia e Docente Universidade Veiga de Almeida (RJ).

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ENTREVISTA NICOLAU TREVISANI FROTA – ANALISTA DE DESEMPENHO

Nessa entrevista falamos com Nicolau Trevisani Frota*, analista de desempenho do São Paulo, sobre essa função tão fundamental no futebol moderno.

Quais são as atribuições do analista de desempenho?

As atribuições do analista podem variar muito de acordo com o contexto em que ele esta inserido, (comissão técnica, clube, categorias…). Porém em termos gerais e considerando a variabilidade contextual, costumo dizer que o analista tem como principal atribuição, conseguir extrair dados do jogo (sejam quantitativos ou qualitativos), e traduzi-los em informações que possam ser interessantes para o seu clube/equipe.

Qual a formação necessária para exercer essa função?

Ainda não existe um curso superior de análise de desempenho (como medicina, por exemplo). Para ser um analista de desempenho, acredito ser necessário que a pessoa busque estudar tudo aquilo que cerca o jogo do futebol em todas as suas esferas (técnica, tática, física e psicológica), desde o treino ao jogo, buscando ter a visão mais sistêmica possível, que possa dar conta de entender o jogo na sua totalidade. 

Existe diferença entre fazer análise de jogos da equipe e dos adversários para quem faz estatíticas individuais de atletas?

Sim. Quando se trata de uma análise mais coletiva (tanto qualitativa como quantitativa), o olhar acaba sendo direcionado mais para macro e quando se busca uma análise mais individual, o olhar acaba ficando mais direcionado ao micro. No entanto, é importante ressaltar que elas estão relacionadas entre si, e que apesar de em cada uma o principal foco se alterar deve-se sempre levar em consideração que o individuo está incluído no contexto coletivo e, que o contexto coletivo é composto por indivíduos.

Como o analista deve se relacionar com o treinador para que este não ache que o analista está tentando determinar a forma de jogar ou a escalação em função da sua análise?

Nesta questão é fundamental que todos tenham claro, que as principais decisões cabem ao treinador e que o analista está ali para ajudá-lo a obter ferramentas para tomar a melhor decisão.

Cabe ao analista também, respeitar e entender as diferentes personalidades, estilos e demandas de cada treinador podendo se adaptar a cada contexto diferente e servir a cada treinador da melhor maneira possível dentro da sua demanda.

Você acha que os clubes de alto rendimento que não possuem analista de desempenho estão defasados?

Não cabe falar de defasagem ou não, pois cada clube entende seu orçamento e suas principais necessidades dentro da sua realidade.

Acredito, porém, que a análise de desempenho é uma área que vem em evolução e que cada vez mais vem mostrando que pode ajudar os clubes a terem um processo mais bem desenvolvido e mais robusto. Sem dúvidas que é uma área que pode vir a ajudar os clubes de futebol que a possuam de forma bem organizada.

Qual a importância da análise de desempenho nas categorias de base? Como esse profissional pode atuar na formação de atletas?

Nas categorias de base a análise de desempenho pode ter um papel fundamental tanto no rendimento do jogo em si (ganhar ou perder quando se trata principalmente de categorias competitivas), como na formação, quando ela pode ajudar no monitoramento da vida esportiva de um atleta, acompanhando sua evolução dentro do clube e nas etapas de formação, detectando pontos a evoluir. Oferecendo assim, uma visão mais completa do desempenho do indivíduo a longo prazo dentro de seu trajeto, podendo qualificar as possíveis projeções em relação ao futuro dos atletas.

Como você vê o mercado atual da análise de desempenho?

Vejo como um mercado ainda em crescimento, onde os clubes vêm percebendo cada vez mais que a análise pode oferecer uma ajuda real para um melhor desempenho da equipe. Com essa percepção crescente, e com muitos clubes ainda sem analista, vejo o mercado ainda com espaço para crescer.

Qual a sua visão sobre o futuro da análise de desempenho no Brasil?

A análise de desempenho ainda é uma área com espaço para crescimento. Com as constantes evoluções tecnológicas e estudos sobre o jogo, a análise tende a ficar mais relevante, podendo com o auxílio de ferramentas e evolução dos seus profissionais sobre o entendimento do jogo, oferecer informações cada vez mais relevantes sobre o jogo e seus processos para o clube.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

A principal dica é a busca pela qualificação profissional e o entendimento do jogo em todas as suas esferas para que, este profissional possa ter uma visão cada vez mais completa sobre o jogo e tudo o que o cerca. Não acredito num caminho único, mas a qualificação e a busca pelo entendimento do todo, são fundamentais para qualquer caminho que se busque.

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*Nicolau Trevisani Frota é atualmente analista de desempenho da equipe profissional do São Paulo Futebol Clube- profissional. Anteriormente foi analista das categorias de base do mesmo São Paulo futebol Clube; Possui as Licenças B e C de Treinadores de Futebol CBF, além de cursos de análise de desempenho na própria CBF; estudante de Psicologia.

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ENTREVISTA ADEMIR FESAN – TREINADOR DE FUTEBOL

Nessa entrevista falamos com o treinador Ademir Fesan* para entender mais sobre a profissão.

Qual a formação necessária para ser técnico de futebol? Existe algum curso específico?

Atualmente, já existe a exigência da maioria das federações para que o profissional seja pelo menos licenciado pela CBF. Os cursos são oferecidos pela própria CBF, Licença B para atuar em categorias de base e Licença A para atuar no profissional.

Porém, recomendo sempre a busca constante do conhecimento e sugiro as graduações em Educação Física, Esportes, Administração (Gestão de Pessoas) e Psicologia.

Como a formação dos técnicos de futebol no Brasil está em relação à formação no exterior?

Estamos bem atrás, principalmente comparando à formação dos países do primeiro mundo. É uma questão cultural. Não é apenas no futebol.

No futebol se valoriza muito os ex-atletas para assumirem cargos de direção técnica, mesmo sem formação alguma, realmente a experiência como jogador é fundamental para a função de técnico?

Acredito que tem espaço para todos e este assunto não chega a lugar algum. O ex-jogador tem vantagens, por ter vivenciado muitas coisas na qual o acadêmico não vivenciou. Porém, esta vantagem tem prazo de validade. Se o ex-jogador não buscar conhecimentos, vai ficar para trás. Recomendo sempre ao acadêmico buscar experiências práticas, independente do contexto. Temos grandes exemplos de acadêmicos que tiveram muito sucesso como treinadores no mundo do futebol.

Como o mercado do futebol vê os profissionais que querem ingressar nessa área, mas que não atuaram como atletas profissionais?

O ex-jogador, principalmente se obteve sucesso, sempre será bem recebido em qualquer ambiente. Isto não é problema algum. Foi uma conquista dele como atleta. Porém, o acadêmico, se estiver com boa formação e acima de tudo saber se relacionar bem poderá ser muito bem visto no mercado do futebol. Esta questão vem mudando muito de um tempo para cá.

Hoje se valoriza muito a profissão de técnico de futebol, você acredita que os profissionais estão realmente preparados para essa valorização?

Acredito que não! Assim como aos atletas, todos deveriam ter um acompanhamento psicológico sobre esta questão. Temos muito a evoluir neste sentido.

Quais seriam os profissionais que deveriam integrar a comissão técnica de uma equipe de alto rendimento, na base e no profissional?

Técnico, 1 ou 2 auxiliares técnicos, 1 ou 2 preparadores físicos (que hoje é um auxiliar técnico), 1 ou 2 preparadores de goleiros, 1 ou 2 analistas de desempenho, fisiologista ou coordenador científico, psicólogo, nutricionista, médicos, fisioterapeutas, massagistas e roupeiros.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial?

Existe uma média conforme o nível de competição e conforme nível do clube. Por exemplo, técnico da Série A vai ter uma média salarial compatível, porém, quanto maior o clube, maior o salário. Não existe uma regulamentação sobre o assunto, porém, existe um padrão entre os gestores dos clubes.

Em sua opinião, existe um perfil de liderança ideal para o técnico de futebol?

Acredito que o técnico de futebol tem que ter, principalmente, boa gestão de pessoas. Saber controlar os atletas e profissionais ao seu redor, considero o principal fator para ter sucesso. Porém, considero que o profissional terá maior chances de sucessos, se também tiver bons conhecimentos técnicos para o treinamento e leitura de jogo, bom controle emocional, boa comunicação e boa postura.

Qual a sua visão sobre o futuro do futebol no Brasil?

Vejo uma evolução grande no nível dos profissionais envolvidos no futebol e consequentemente acredito que teremos um futuro promissor. Um fator determinante está na gestão. O que me motiva, é que neste setor também tem melhorado o nível dos profissionais. Mas, óbvio, que estamos engatinhando.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Buscar constantemente conhecimentos, tanto teórico quanto prático. O profissional deve colocar em prática o que aprende na teoria, para que assim possa ir filtrando os seus conteúdos e, principalmente, ir se moldando para uma evolução no mercado de trabalho. Não importa o contexto! Trabalhe em qualquer lugar. Nem que seja no time de amigos da rua. Só assim irá crescer e ir abrindo portas.

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*Ademir Fesan é atualmente técnico do Grêmio Prudente (SP). Foi auxiliar técnico do Cuiabá, CRB, Vitória (BA), Paraná, Internacional (RS), Joinville, Guarani (SP), Ceará e ABC; foi também técnico de categorias de base do Santos, Grêmio Barueri (SP), Juventus, Tubarão (SC), Monte Azul (SP) e Brasil de Farroupilha (RS).

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ENTREVISTA LUÍS FEU – AUXILIAR TÉCNICO DE FUTEBOL

Entrevistamos o profissional Luís Feu* para nos mostrar mais sobre a profissão de auxiliar técnico de futebol.

Qual a formação necessária para ser auxiliar técnico de futebol? Existe algum curso específico ou a formação é a mesma que a de treinador?

Um auxiliar técnico de futebol deve seguir a linha de formação de um treinador com os cursos de licença CBF (licenças C, B, A), esses são os cursos exigidos.

Como a formação dos técnicos e auxiliares no Brasil está em relação à formação no exterior?

Estamos bem atrasados em relação a profissionalização dos técnicos e auxiliares, precisamos nos conscientizar que é fundamental estarmos atualizados mesmo que os cursos da CBF ainda não estão no mesmo nível de importância de cursos da UEFA.

Como você vê a atuação do auxiliar técnico, até onde ele pode ir para não acontecer atrito com o treinador?

O auxiliar técnico é um profissional ligado diretamente ao comandante da equipe, é responsável por todo o suporte (observações do seu time e adversários, análises a serem passadas ao técnico). Ele deve ter a consciência a todo momento que existe um comandante e um responsável pela a equipe O TREINADOR.

Como o mercado do futebol vê os profissionais que querem ingressar nessa área, mas que não atuaram como atletas profissionais?

Hoje em dia o mercado está tendo mais aceitações de profissionais que não atuaram como atletas profissionais na área de auxiliares técnicos, principalmente com o aumento de formação nas licenças CBF.

Hoje se valoriza muito a profissão de técnico de futebol, existe uma valorização do auxiliar ou ele fica relegado a segundo plano?

Sim, o auxiliar técnico também tem sua valorização nessa nova etapa do futebol, hoje em dia é muito comum você ver clubes com dois ou três auxiliares técnicos no profissional e na base de alguns clubes, quando a tempos atrás esse era um pedido dos treinadores e não prioridade dos clubes.

Você acha que o auxiliar deve fazer amizade para acompanhar sempre o treinador ou pode ser auxiliar fixo do clube? Como funcionam esses dois modelos?

O auxiliar técnico precisa em primeiro lugar ser um ótimo profissional, a amizade é conquistada com o convívio diário e não deve pesar na contratação de um profissional, não muda na questão de ser fixo do clube, a regra é a mesma no suporte do comandante da equipe, O TREINADOR.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial? O auxiliar ganha muito menos que o treinador?

Não existe um piso ou teto de um profissional auxiliar técnico, tudo depende da estrutura financeira do clube e, geralmente ele ganha menos que um técnico, devido a hierarquia da comissão técnica.

Qual a sua visão sobre o futuro do futebol no Brasil?

Creio que estamos ainda dando passos curtos para acompanharmos a evolução do futebol, mesmo tendo muito a evoluir, não podemos deixar de valorizar nossos treinadores e nossos atletas, temos tudo para voltar à ser potência no futebol mundial, CBF e Federações estaduais precisam começar a valorizar os clubes para que os mesmos valorizem seus profissionais.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Para quem pretende ingressar na área de auxiliar técnico, precisa seguir a linha de formação de um treinador (licenças CBF), indicaria também o curso de Análise de Desempenho de Atletas onde você irá adquirir bastante conhecimento com os números dos jogos, táticas adversárias, e de seu time, e demais temas abordados, um suporte essencial para um auxiliar técnico levar ao comandante da equipe.

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*Feu, Luís Fernando da Silva é auxiliar técnico no Clube Atlético Taboão da Serra desde 2015. Atuou também como auxiliar técnico no C. A. Juventus e como professor na Escola de futebol do São Caetano. Jogou nas categorias de base do Palmeiras e do Bragantino.

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ENTREVISTA MARCELLO BRAZÃO – TREINADOR DE FUTEBOL

Entrevistamos o treinador Marcello Brazão* para nos mostrar mais sobre a profissão de treinador de futebol.

Qual a formação necessária para ser técnico de futebol? Existe algum curso específico?

Hoje em dia existem os cursos da CBF, que qualificam os treinadores de acordo com suas categorias, onde nossa entidade máxima pretende obrigar todos os treinadores terem a certificação até 2022, para poder exercer sua função.

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ENTREVISTA JÂNIO BERNARDINO – TREINADOR DE FUTEBOL

Entrevistamos Jânio Bernardino* falando sobre a profissão de treinador de futebol.

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 Qual a formação necessária para ser técnico de futebol? Existe algum curso específico?

Ter conhecimento e entendimento de futebol e esporte e, experiência vivida e adquirida na prática; ter formação de futebol por meio de cursos licenciados e reconhecidos pelos principais órgãos do futebol; ter formação em Educação Física e Esporte em faculdades. Existem cursos de capacitação e qualificação de treinador nos sindicatos regionais; os cursos para ter licenças da CBF Academy; cursos complementares on-line em formato EAD. Continue reading

ENTREVISTA RUBIO ALENCAR – TREINADOR DE FUTEBOL

Saiba mais sobre a profissão de treinador de futebol nessa entrevista com o treinador Rubio Alencar*.

Rubio Alencar

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Qual a formação necessária para ser técnico de futebol? Existe algum curso específico?

O treinador de futebol necessita ter uma formação por meio de estudos voltados para a prática desportiva do futebol, desde as questões técnicas e suas metodologias de treinamentos, ter conhecimento da área de periodização tática e planejamento de treinos, noções de fisiologia do exercício, neurociências do treinamento, pedagogia do futebol, gestão de pessoas e liderança de equipe. Continue reading