Nessa entrevista falamos com Nicolau Trevisani Frota*, analista de desempenho do São Paulo, sobre essa função tão fundamental no futebol moderno.
Quais são as atribuições do analista de desempenho?
As atribuições do analista podem variar muito de acordo com o contexto em que ele esta inserido, (comissão técnica, clube, categorias…). Porém em termos gerais e considerando a variabilidade contextual, costumo dizer que o analista tem como principal atribuição, conseguir extrair dados do jogo (sejam quantitativos ou qualitativos), e traduzi-los em informações que possam ser interessantes para o seu clube/equipe.
Qual a formação necessária para exercer essa função?
Ainda não existe um curso superior de análise de desempenho (como medicina, por exemplo). Para ser um analista de desempenho, acredito ser necessário que a pessoa busque estudar tudo aquilo que cerca o jogo do futebol em todas as suas esferas (técnica, tática, física e psicológica), desde o treino ao jogo, buscando ter a visão mais sistêmica possível, que possa dar conta de entender o jogo na sua totalidade.
Existe diferença entre fazer análise de jogos da equipe e dos adversários para quem faz estatíticas individuais de atletas?
Sim. Quando se trata de uma análise mais coletiva (tanto qualitativa como quantitativa), o olhar acaba sendo direcionado mais para macro e quando se busca uma análise mais individual, o olhar acaba ficando mais direcionado ao micro. No entanto, é importante ressaltar que elas estão relacionadas entre si, e que apesar de em cada uma o principal foco se alterar deve-se sempre levar em consideração que o individuo está incluído no contexto coletivo e, que o contexto coletivo é composto por indivíduos.
Como o analista deve se relacionar com o treinador para que este não ache que o analista está tentando determinar a forma de jogar ou a escalação em função da sua análise?
Nesta questão é fundamental que todos tenham claro, que as principais decisões cabem ao treinador e que o analista está ali para ajudá-lo a obter ferramentas para tomar a melhor decisão.
Cabe ao analista também, respeitar e entender as diferentes personalidades, estilos e demandas de cada treinador podendo se adaptar a cada contexto diferente e servir a cada treinador da melhor maneira possível dentro da sua demanda.
Você acha que os clubes de alto rendimento que não possuem analista de desempenho estão defasados?
Não cabe falar de defasagem ou não, pois cada clube entende seu orçamento e suas principais necessidades dentro da sua realidade.
Acredito, porém, que a análise de desempenho é uma área que vem em evolução e que cada vez mais vem mostrando que pode ajudar os clubes a terem um processo mais bem desenvolvido e mais robusto. Sem dúvidas que é uma área que pode vir a ajudar os clubes de futebol que a possuam de forma bem organizada.
Qual a importância da análise de desempenho nas categorias de base? Como esse profissional pode atuar na formação de atletas?
Nas categorias de base a análise de desempenho pode ter um papel fundamental tanto no rendimento do jogo em si (ganhar ou perder quando se trata principalmente de categorias competitivas), como na formação, quando ela pode ajudar no monitoramento da vida esportiva de um atleta, acompanhando sua evolução dentro do clube e nas etapas de formação, detectando pontos a evoluir. Oferecendo assim, uma visão mais completa do desempenho do indivíduo a longo prazo dentro de seu trajeto, podendo qualificar as possíveis projeções em relação ao futuro dos atletas.
Como você vê o mercado atual da análise de desempenho?
Vejo como um mercado ainda em crescimento, onde os clubes vêm percebendo cada vez mais que a análise pode oferecer uma ajuda real para um melhor desempenho da equipe. Com essa percepção crescente, e com muitos clubes ainda sem analista, vejo o mercado ainda com espaço para crescer.
Qual a sua visão sobre o futuro da análise de desempenho no Brasil?
A análise de desempenho ainda é uma área com espaço para crescimento. Com as constantes evoluções tecnológicas e estudos sobre o jogo, a análise tende a ficar mais relevante, podendo com o auxílio de ferramentas e evolução dos seus profissionais sobre o entendimento do jogo, oferecer informações cada vez mais relevantes sobre o jogo e seus processos para o clube.
Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?
A principal dica é a busca pela qualificação profissional e o entendimento do jogo em todas as suas esferas para que, este profissional possa ter uma visão cada vez mais completa sobre o jogo e tudo o que o cerca. Não acredito num caminho único, mas a qualificação e a busca pelo entendimento do todo, são fundamentais para qualquer caminho que se busque.
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*Nicolau Trevisani Frota é atualmente analista de desempenho da equipe profissional do São Paulo Futebol Clube- profissional. Anteriormente foi analista das categorias de base do mesmo São Paulo futebol Clube; Possui as Licenças B e C de Treinadores de Futebol CBF, além de cursos de análise de desempenho na própria CBF; estudante de Psicologia.
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