ENTREVISTA MILENA BARBOSA – NUTRICIONISTA ESPORTIVA

Saiba mais sobre a função de nutricionista esportivo nessa entrevista com Milena Barbosa* nutricionista do Fluminense.

Milena Barbosa

Quais são as atribuições do nutricionista do esporte?

Acompanhar os treinos dos atletas, avaliar nutricionalmente de forma individual os atletas, montar cardápio e fazer gestão do refeitório do CT (quando há), pedido e manejo da suplementação individual ou coletiva dos atletas, orientar sobre alimentação e hidratação no esporte.

Qual a formação necessária para exercer essa função?

Ser graduado em nutrição é obrigatório, mas ter uma especialização em nutrição esportiva é bastante importante.

Você acha que as faculdades e cursos de nutrição estão preparados para formarem novos nutricionistas esportivos no Brasil? O mercado está pronto para aceitar esses profissionais vindos das faculdades?

A maioria das faculdades ainda não possui nutrição esportiva como uma matéria e, sim como um pequeno módulo dentro de outra matéria, dessa forma o conhecimento fica muito defasado. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente sobre formação e experiência e as faculdades ainda muito defasadas na área de nutrição esportiva.

Você acha que os clubes de alto rendimento que não possuem nutricionista estão defasados?

Muito. É triste saber que muitos times tradicionais, apesar de serem chamados de “pequenos ou sem camisa”, não possuem nutricionista para orientar os seus atletas. Ainda possuem os clubes que contratam profissionais não-nutricionistas para fazer a função do nutricionista. Não ver que o nutricionista é um profissional essencial para o departamento de esporte, é não só estar defasado, mas atrasado.

Qual a importância do nutricionista nas categorias de base? Como esse profissional pode atuar na formação de atletas?

A nutrição nas categorias de base é muito mais sobre incluir uma alimentação saudável na rotina desses jovens atletas, muitos sem condições financeiras de se alimentar bem fora do clube. O nutricionista que trabalha com categorias de base se torna um educador em nutrição que fica diariamente batendo na tecla de incluir alimentos saudáveis, manter o corpo hidratado, manter a suplementação correta. Ver a evolução de um jovem atleta que chega para nós no clube dizendo que não come “um verde” e anos depois ver ele colocando salada no prato por espontânea vontade é gratificante, sabemos que funcionou e ele levará esse hábito para a vida toda.

Como você vê o mercado atual da nutrição esportiva? Existe valorização desse profissional?

O mercado ainda é escasso uma vez que muitos clubes não contratam nutricionistas. A valorização profissional depende muito da equipe com que você trabalha também. Tem clubes que valorizam o nutricionista e eles fazem parte da equipe igual ao técnico, com a mesma importância. Outros clubes acham um profissional “caro” que não agrega nada ao time.

Qual a sua visão sobre o futuro da nutrição esportiva no Brasil?

Ainda tem muito a crescer e se desenvolver, mas pelo que tenho visto nos últimos anos, acho uma área muito promissora e com muitos campos a serem explorados ainda.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Estude e batalhe. Parece óbvio, mas a nutrição esportiva é uma área que precisa ser muito estudada ainda, então cada vez mais será exigido profissionais com mais estudo e experiência. Não existe um roteiro certo para quem quer ingressar na área, mas o que deu certo para mim foi sempre ficar atenta nas redes sociais dos clubes, principalmente LinkedIn.

.

.

*Milena Barbosa é nutricionista formada pela UERJ, especialista em nutrição clínica e esportiva, especialista em nutrição para o futebol e pós-graduanda em terapia nutricional do adulto. Nutricionista do futsal do Fluminense F. C. desde 2018, com passagem anterior como estagiária dos esportes olímpicos do clube.

.

.

.