ENTREVISTA ADEMIR FESAN – TREINADOR DE FUTEBOL

Nessa entrevista falamos com o treinador Ademir Fesan* para entender mais sobre a profissão.

Qual a formação necessária para ser técnico de futebol? Existe algum curso específico?

Atualmente, já existe a exigência da maioria das federações para que o profissional seja pelo menos licenciado pela CBF. Os cursos são oferecidos pela própria CBF, Licença B para atuar em categorias de base e Licença A para atuar no profissional.

Porém, recomendo sempre a busca constante do conhecimento e sugiro as graduações em Educação Física, Esportes, Administração (Gestão de Pessoas) e Psicologia.

Como a formação dos técnicos de futebol no Brasil está em relação à formação no exterior?

Estamos bem atrás, principalmente comparando à formação dos países do primeiro mundo. É uma questão cultural. Não é apenas no futebol.

No futebol se valoriza muito os ex-atletas para assumirem cargos de direção técnica, mesmo sem formação alguma, realmente a experiência como jogador é fundamental para a função de técnico?

Acredito que tem espaço para todos e este assunto não chega a lugar algum. O ex-jogador tem vantagens, por ter vivenciado muitas coisas na qual o acadêmico não vivenciou. Porém, esta vantagem tem prazo de validade. Se o ex-jogador não buscar conhecimentos, vai ficar para trás. Recomendo sempre ao acadêmico buscar experiências práticas, independente do contexto. Temos grandes exemplos de acadêmicos que tiveram muito sucesso como treinadores no mundo do futebol.

Como o mercado do futebol vê os profissionais que querem ingressar nessa área, mas que não atuaram como atletas profissionais?

O ex-jogador, principalmente se obteve sucesso, sempre será bem recebido em qualquer ambiente. Isto não é problema algum. Foi uma conquista dele como atleta. Porém, o acadêmico, se estiver com boa formação e acima de tudo saber se relacionar bem poderá ser muito bem visto no mercado do futebol. Esta questão vem mudando muito de um tempo para cá.

Hoje se valoriza muito a profissão de técnico de futebol, você acredita que os profissionais estão realmente preparados para essa valorização?

Acredito que não! Assim como aos atletas, todos deveriam ter um acompanhamento psicológico sobre esta questão. Temos muito a evoluir neste sentido.

Quais seriam os profissionais que deveriam integrar a comissão técnica de uma equipe de alto rendimento, na base e no profissional?

Técnico, 1 ou 2 auxiliares técnicos, 1 ou 2 preparadores físicos (que hoje é um auxiliar técnico), 1 ou 2 preparadores de goleiros, 1 ou 2 analistas de desempenho, fisiologista ou coordenador científico, psicólogo, nutricionista, médicos, fisioterapeutas, massagistas e roupeiros.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial?

Existe uma média conforme o nível de competição e conforme nível do clube. Por exemplo, técnico da Série A vai ter uma média salarial compatível, porém, quanto maior o clube, maior o salário. Não existe uma regulamentação sobre o assunto, porém, existe um padrão entre os gestores dos clubes.

Em sua opinião, existe um perfil de liderança ideal para o técnico de futebol?

Acredito que o técnico de futebol tem que ter, principalmente, boa gestão de pessoas. Saber controlar os atletas e profissionais ao seu redor, considero o principal fator para ter sucesso. Porém, considero que o profissional terá maior chances de sucessos, se também tiver bons conhecimentos técnicos para o treinamento e leitura de jogo, bom controle emocional, boa comunicação e boa postura.

Qual a sua visão sobre o futuro do futebol no Brasil?

Vejo uma evolução grande no nível dos profissionais envolvidos no futebol e consequentemente acredito que teremos um futuro promissor. Um fator determinante está na gestão. O que me motiva, é que neste setor também tem melhorado o nível dos profissionais. Mas, óbvio, que estamos engatinhando.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Buscar constantemente conhecimentos, tanto teórico quanto prático. O profissional deve colocar em prática o que aprende na teoria, para que assim possa ir filtrando os seus conteúdos e, principalmente, ir se moldando para uma evolução no mercado de trabalho. Não importa o contexto! Trabalhe em qualquer lugar. Nem que seja no time de amigos da rua. Só assim irá crescer e ir abrindo portas.

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*Ademir Fesan é atualmente técnico do Grêmio Prudente (SP). Foi auxiliar técnico do Cuiabá, CRB, Vitória (BA), Paraná, Internacional (RS), Joinville, Guarani (SP), Ceará e ABC; foi também técnico de categorias de base do Santos, Grêmio Barueri (SP), Juventus, Tubarão (SC), Monte Azul (SP) e Brasil de Farroupilha (RS).

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ENTREVISTA LUÍS FEU – AUXILIAR TÉCNICO DE FUTEBOL

Entrevistamos o profissional Luís Feu* para nos mostrar mais sobre a profissão de auxiliar técnico de futebol.

Qual a formação necessária para ser auxiliar técnico de futebol? Existe algum curso específico ou a formação é a mesma que a de treinador?

Um auxiliar técnico de futebol deve seguir a linha de formação de um treinador com os cursos de licença CBF (licenças C, B, A), esses são os cursos exigidos.

Como a formação dos técnicos e auxiliares no Brasil está em relação à formação no exterior?

Estamos bem atrasados em relação a profissionalização dos técnicos e auxiliares, precisamos nos conscientizar que é fundamental estarmos atualizados mesmo que os cursos da CBF ainda não estão no mesmo nível de importância de cursos da UEFA.

Como você vê a atuação do auxiliar técnico, até onde ele pode ir para não acontecer atrito com o treinador?

O auxiliar técnico é um profissional ligado diretamente ao comandante da equipe, é responsável por todo o suporte (observações do seu time e adversários, análises a serem passadas ao técnico). Ele deve ter a consciência a todo momento que existe um comandante e um responsável pela a equipe O TREINADOR.

Como o mercado do futebol vê os profissionais que querem ingressar nessa área, mas que não atuaram como atletas profissionais?

Hoje em dia o mercado está tendo mais aceitações de profissionais que não atuaram como atletas profissionais na área de auxiliares técnicos, principalmente com o aumento de formação nas licenças CBF.

Hoje se valoriza muito a profissão de técnico de futebol, existe uma valorização do auxiliar ou ele fica relegado a segundo plano?

Sim, o auxiliar técnico também tem sua valorização nessa nova etapa do futebol, hoje em dia é muito comum você ver clubes com dois ou três auxiliares técnicos no profissional e na base de alguns clubes, quando a tempos atrás esse era um pedido dos treinadores e não prioridade dos clubes.

Você acha que o auxiliar deve fazer amizade para acompanhar sempre o treinador ou pode ser auxiliar fixo do clube? Como funcionam esses dois modelos?

O auxiliar técnico precisa em primeiro lugar ser um ótimo profissional, a amizade é conquistada com o convívio diário e não deve pesar na contratação de um profissional, não muda na questão de ser fixo do clube, a regra é a mesma no suporte do comandante da equipe, O TREINADOR.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial? O auxiliar ganha muito menos que o treinador?

Não existe um piso ou teto de um profissional auxiliar técnico, tudo depende da estrutura financeira do clube e, geralmente ele ganha menos que um técnico, devido a hierarquia da comissão técnica.

Qual a sua visão sobre o futuro do futebol no Brasil?

Creio que estamos ainda dando passos curtos para acompanharmos a evolução do futebol, mesmo tendo muito a evoluir, não podemos deixar de valorizar nossos treinadores e nossos atletas, temos tudo para voltar à ser potência no futebol mundial, CBF e Federações estaduais precisam começar a valorizar os clubes para que os mesmos valorizem seus profissionais.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Para quem pretende ingressar na área de auxiliar técnico, precisa seguir a linha de formação de um treinador (licenças CBF), indicaria também o curso de Análise de Desempenho de Atletas onde você irá adquirir bastante conhecimento com os números dos jogos, táticas adversárias, e de seu time, e demais temas abordados, um suporte essencial para um auxiliar técnico levar ao comandante da equipe.

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*Feu, Luís Fernando da Silva é auxiliar técnico no Clube Atlético Taboão da Serra desde 2015. Atuou também como auxiliar técnico no C. A. Juventus e como professor na Escola de futebol do São Caetano. Jogou nas categorias de base do Palmeiras e do Bragantino.

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