Por falta de conhecimento ou por falta de assunto, muito se discute hoje, como deve ser chamado o técnico de futebol.
Os jogadores têm por hábito chamar esse profissional de “professor”, provavelmente isso se explique pela relação de ensino-aprendizagem que ocorre durante os treinamentos esportivos.
Escuto muito os “profissionais” da imprensa reclamarem e criticarem quando os técnicos são chamados de professores. A dúvida que fica, é o por que dessa indignação?
Concordo que muitos treinadores não têm nada a acrescentar a ninguém, nada a ensinar, mas muitos são formados em educação física ou esporte, tem pós-graduação em pedagogia, fisiologia ou treinamento e, alguns, até mestrado, isso sem dizer de treinadores que muito ensinaram, como Telê Santana, por exemplo. Portanto, esses profissionais têm o direito e devem ser denominados professores sim.
O professor e ex-técnico José de Souza Teixeira em palestra proferida no curso de Gestão da Qualidade Total Aplicada no Futebol Profissional (2003) diferencia esses termos:
– Treinador – profissional que treina ou dirige treino. Que habitua, acostuma, adestra.
– Técnico Desportivo – aquele que ensina, treina, corrige e dirige grupos de atletas.
– Técnico Desportivo Pesquisador – aquele que ensina, treina, corrige, controla e usa esses dados para futuros planejamentos e indispensáveis replanejamentos, com objetivos bem definidos, em grupos de atletas com alto nível de rendimento.
Professor é “aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina; mestre… Homem perito ou adestrado…” (FERREIRA, 1995, p. 531).
Treinador é a pessoa que se encarrega do treinamento e da formação de uma equipe, preparando-a para um bom rendimento, para obter resultados positivos. O treinador é um especialista na direção técnica e tática, do desenvolvimento psicológico e físico do jogador. Suas tarefas podem se ampliar, em função de suas competências (FIFA, entre 2003 e 2006).
Quando vejo essas intermináveis discussões sobre o tema, percebo a grande falta de assunto que existe na imprensa esportiva, pois algumas pessoas em vez de discutir algo útil para o futebol se preocupam mais com uma nomenclatura.
Essa mesma pessoa que acha um absurdo chamar o técnico de professor, é a mesma que chama o osso da perna fíbula de perônio, que chama o osso patela de rótula, que denomina uma defesa que o goleiro demonstra um grande tempo (ou velocidade) de reação de “defesa de reflexo”, só para citar algumas besteiras que encontramos no nosso futebol.
Antes de criticar alguém por como essa pessoa é denominada, melhor buscar um pouco mais de conhecimento para comentar com embasamento e não falar besteira para o público.
O técnico de futebol moderno deve ser ao mesmo tempo, treinador, professor e, claro, técnico. Deve ensinar seus atletas; deve planejar e organizar os treinamentos; deve ministrar os treinos com afinco e dedicação; deve comandar os atletas e a equipe de forma profissional, organizada e coerente.
Por fim, acredito que chamar o técnico de futebol de professor, treinador ou mesmo de técnico, não ofende ninguém, não infringe nenhuma lei e, muito menos é um absurdo como algumas pessoas insistem em dizer.
REFERÊNCIAS:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Fronteira: Folha de São Paulo, 1995.
FIFA. El entrenador – la dirección técnica. Fédération Internationale de Football Association. [S.l.: s.n.], p. 1-20, [entre 2003 e 2006].
GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL APLICADA NO FUTEBOL PROFISSIONAL. Palestra Prof. José de Souza Teixeira. São Paulo: Total Quality Treinamento & Consultoria, 2003.
Por Fabio Cunha*