ENTREVISTA VINICIUS NICOLETTI – JORNALISTA ESPORTIVO

O entrevistado da vez foi o jornalista esportivo Vinicius Nicoletti*. Aprenda um pouco mais sobre a profissão com o nosso entrevistado.

Qual a formação necessária para exercer a função de jornalista esportivo?

Acredito que é preciso ter uma formação como jornalista. Assim, o profissional terá noção de ética, postura e sensibilidade para contar boas histórias. O jornalista esportivo é acima de tudo um jornalista que precisa ser curioso, questionador e nunca perder a capacidade de se indignar. O jornalista esportivo é o canal para levar entretenimento ao público, mas também tem obrigação de informar. Acima de tudo tem a paixão pelo esporte. Não existe jornalista esportivo de sucesso que não goste de esporte.

Existe algum curso específico?

Há vários cursos sobre o papel do jornalista no esporte. Aprendemos e evoluímos com a experiência de outros profissionais. Para quem não teve a oportunidade de conviver numa redação de esportes, acredito que esses cursos ajudem bastante.

Você acha que as faculdades estão preparadas para formarem novos jornalistas esportivos no Brasil? O mercado está pronto para aceitar esses profissionais advindos das faculdades?

Como citei acima, a faculdade de jornalismo dá noção de ética e postura. Mas é apenas uma orientação, o jornalista vai realmente perceber qual seu papel no dia a dia, convivendo numa redação. Acredito que é fundamental para a formação de novos profissionais esse convívio com outros jornalistas. A redação é a verdadeira faculdade para o jornalista.

Você acredita que, no Brasil, o jornalismo esportivo é reconhecido ou as outras modalidades, como jornalismo político, jornalismo econômico são mais valorizadas?

Acho que mudou muito nos últimos anos. Hoje o jornalista esportivo é mais respeitado do que antigamente. Acredito que isso se deve ao fato do esporte ganhar nova dimensão no dia a dia das pessoas. Tivemos uma Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil, além de levar o entretenimento, contar histórias dos atletas, o jornalista esportivo teve de ser investigativo, mais informativo. O esporte ganhou mais notoriedade e o jornalista esportivo ganhou mais importância nas redações.

Quais as grandes dificuldades que você vê na área e o que fazer para mudar esse quadro?

A grande dificuldade é começar, entrar numa redação e aprender com profissionais experientes. Isso vem mudando com a possibilidade de estágio para estudantes. Sempre terá espaço para o talento, mas ainda é impossível o mercado incorporar todos alunos que saem da faculdade.

Qual a grande diferença entre trabalhar no rádio, na televisão e na internet?

A postura sempre deve ser a mesma nos três meios de comunicação, informação, boas histórias e denúncias têm espaço em qualquer meio. Mas são diferentes formas de levar a notícia. A internet assumiu o imediatismo da informação que era exclusivo do rádio. Os profissionais do rádio e TV também precisam ser bons comunicadores. O rádio foca mais no ‘hard news’, na informação. Na TV, o jornalista agrega imagem. É preciso saber lidar com essa a linguagem nas reportagens e na maneira de levar informação ao público.

Você acha que a experiência dentro de campo de um ex-atleta profissional é suficiente para assumir uma função de comentarista?

A experiência de um ex-atleta ajuda e muito na função de comentarista. Mas acima de tudo é preciso ser um curioso, estar bem informado, bem preparado, ser incisivo e ter carisma com o público. Se bastasse ser ex-atleta, Pelé seria o melhor comentarista de todos e nunca foi. O ex-atleta precisa entender a nova função e como todo profissional se preparar para ela.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial? Os iniciantes conseguem viver só do jornalismo esportivo?

Há sempre profissionais bem e mal remunerados como em todas as profissões. Mas é fato que nenhum jornalista esportivo começa com alto salário. Isso depende do talento que ele vai demonstrar ao longo do caminho. Não tenho informação sobre piso ou teto salarial, isso muda muito de redação para redação e de Estado para Estado. Mas é possível sim viver com a profissão de jornalista esportivo.

Qual a sua visão sobre o futuro do jornalismo esportivo no Brasil?

Acho que o jornalismo esportivo já segue a tendência do mundo. Hoje a informação, as entrevistas, as reportagens precisam chegar em tempo real para o público. É a tendência do imediatismo das redes sociais. O jornalismo não pode ficar atrás. Me preocupa que as boas histórias estão perdendo espaço no dia a dia. Mas ainda acredito que os documentários ou reportagens especiais têm seu espaço. Não sei se na internet ou em programas específicos na TV. Infelizmente, essas reportagens estão perdendo espaço no dia a dia.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

A primeira dica que posso dar é ler, ler muito. Sobre qualquer assunto. Hoje temos uma rica literatura esportiva, basta explorar. A segunda dica vem do mestre Helvídio Mattos, repórter das antigas da ESPN, um dia ele me disse: – “siga o seu sentimento e mesmo num jogo decisivo de uma olhadinha para pipoqueiro, a matéria pode estar lá”. Ele quis dizer que o esporte é uma metáfora da vida e está cheio de boas histórias para contar. Só vamos perceber essas histórias se tivermos sensibilidade e observação.

Para quem tenta entrar na área, o melhor jeito é fazer uma faculdade ou algum curso de jornalismo esportivo. Em seguida, procurar estágio numa redação, é fundamental conhecer de perto o dia a dia dos repórteres, comentaristas, narradores, editores e produtores. E assim definir onde você se encaixa nesse contexto.

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*Vinicius Nicoletti é jornalista esportivo. Atuou por 17 anos ESPN Brasil e no momento trabalha na TV Band. Participou in loco como repórter nos eventos: Copa do Mundo da Alemanha 2006; Copa do Mundo do Brasil 2014; Jogos Olímpicos Londres 2012; Jogos Olímpicos Rio de Janeiro 2016; Mundial de Basquete na Turquia 2010; Copa Africana de Nações em Angola 2010; Copa América de Futebol Argentina 2011; Copa América de Futebol Chile 2015; Copa América de Basquete República Dominicana 2003; Copa América de Basquete Porto Rico 2005; Pré-olímpico de Basquete Feminino Madrid 2007

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One thought on “ENTREVISTA VINICIUS NICOLETTI – JORNALISTA ESPORTIVO

  1. Grande jornalista esportivo… Um talento da tv esportiva no Brasil hoje…

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