ENTREVISTA DANILO FLÁVIO – MÉDICO DO ESPORTE

Nessa entrevista falamos com o médico do esporte Dr. Danilo Flávio*.

Dr. Danilo Flávio

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Qual a formação necessária para exercer essa função? Existe um curso específico ou só o curso normal de Medicina?

A Medicina Esportiva exige formação completa em Medicina e, em seguida, uma especialização em Medicina do Exercício e do Esporte, pois se trata de uma especialidade médica, assim como Ortopedia, Cardiologia e demais especialidades.

 

A ortopedia ainda é a área principal para a medicina dentro dos clubes ou o médico de um clube deve ser generalista?

O médico de um clube preferencialmente deve ser especializado em Medicina do Exercício e do Esporte. Por vezes, a Ortopedia está bastante presente nos clubes devido às lesões envolvidas no esporte e também por muitos ortopedistas também se especializarem em Medicina Esportiva.

 

Qual a importância de um clube de alto rendimento ter um profissional médico integrando a comissão técnica de forma permanente?

A importância de um médico presente nos clubes se dá devido: a melhor prevenção de lesões e riscos de morte por doenças relacionadas ou não ao esporte; melhor avaliação dos atletas quanto ao seu desempenho antes e durante as temporadas; contribuição eficaz no aumento do rendimento do atleta durante as competições e recuperação dos mesmos, além de melhor atuação com relação a intercorrências que ocorrem durante toda a temporada, como doenças clínicas, traumas, afastamento e retorno ao esporte, diagnósticos e tratamentos específicos da área médica.

 

Qual a especificidade da medicina para o futebol?

Jogadores de futebol são mais suscetíveis a doenças envolvendo sistema cardíaco e locomotor, devido a modalidade ser de alto nível. Até mesmo atletas iniciantes e de clubes pequenos devem fazer uma avaliação pré-participativa para estarem aptos a praticar a modalidade. Essa avaliação possibilita diagnosticar doenças pré-existentes e evitá-las. Sabemos que no futebol, eventos como morte súbita são graves e extremamente danosos para todo o esporte. Além da existência de outras doenças clínicas e também lesões osteomusculares que prejudicam muitos atletas seus clubes. A medicina esportiva inserida no futebol minimiza todo e qualquer risco ou prejuízo que envolva a parte médica do atleta.

 

Como é o trabalho do médico e fisioterapeuta em conjunto com o preparador físico, até onde vai a atuação de cada um?

De forma bastante respeitosa, cada profissional age de acordo com as normas de seus conselhos profissionais. A atuação de cada um é bem específica e essa interação multidisciplinar soma muito e engrandece bastante o apoio ao atleta. A avaliação médica, com diagnóstico e prescrição de tratamento eficazes se tornam uma ótima ferramenta para os demais profissionais, principalmente no que se diz respeito à avaliação do atleta, confirmação ou exclusão de doenças, liberação ou afastamento para treino, recuperação de lesões etc.

 

Como você vê o mercado atual da medicina esportiva?

Vejo o mercado bastante amplo e atrativo, pois a especialidade está cada vez mais presente no nosso país. É válido lembrar que a especialidade médica e a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte já existem no Brasil há décadas e a cada ano, se fortalecem cada vez mais. A atuação desta área médica também se estende não somente a atletas, mas a praticantes de atividades físicas e pessoas “não atletas” de uma forma geral. Existe uma alta procura por parte da população que busca cada vez mais hábitos saudáveis como alimentação adequada e práticas de exercícios. A contribuição da medicina esportiva contempla toda a população de uma maneira bem ampla, incluindo pessoas doentes que necessitam tratar suas enfermidades através da prática de atividade física.

 

Qual a sua visão sobre o futuro da medicina esportiva no Brasil?

No Brasil, a medicina esportiva tende a crescer de forma cada vez mais progressiva e promissora. Isto porque ainda carecemos de profissionais no ramo em diversas regiões do país devido a vasta imensidão do país e também maior procura por especializações por parte dos médicos generalistas. A medicina esportiva avança no mundo inteiro e no Brasil não será diferente, ainda que falte incentivos a educação e ao esporte por parte do governo, nossa cultura esportiva é bem forte e isso acompanha um intenso progresso também na área médica.

 

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Fundamental ser apaixonado por esportes e preferencialmente ser um praticante e/ou defensor do esporte no país. Além disso, será necessário ingressar em uma faculdade de Medicina e concluir o curso. Após isso, o médico deverá especializar-se em medicina esportiva por meio de residência médica ou curso de pós-graduação em Medicina do Exercício e do Esporte e a partir de então, realizar a prova de título de especialização em Medicina do Exercício e do Esporte. O caminho é longo, mas bem gratificante!

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 * Dr. Danilo Flávio é médico especializado em Medicina do Exercício e do Esporte. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Mato Grosso; Especialização em Medicina Esportiva pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, com reconhecimento da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina; Membro titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte; Possui cursos de atualização e extensão em Nutrição Esportiva de Alta Performance, além de cursos de capacitação na área esportiva.

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