ENTREVISTA ALEXANDRE STANZIONI – TREINADOR DE VOLEIBOL

Entrevista com o treinador de voleibol Alexandre Stanzioni*.

Alexandre Stanzioni – Treinador de voleibol

Qual a formação necessária para ser treinador de voleibol? Existe algum curso específico?

Ser registrado no sistema CONFEF/CREF, além dos cursos da CBV ou FIVB.

A CBV, por exemplo, nivela os técnicos em 5 categorias, oferecendo cursos de cerca de 10 dias de duração. Para ser treinador de uma equipe profissional adulta, deve-se ter pelo menos o nível 3.

O nível 5 é somente por mérito internacional, sem cursos de formação e é designado àqueles que conquistam títulos de expressão internacional (Mundiais, Olimpíadas etc.)

Como a formação dos técnicos de voleibol no Brasil está em relação à formação no exterior?

Acredito que se apresentam num nível muito próximo, nossos técnicos se apresentam num nível muito elevado.

No futebol se valoriza muito os ex-atletas para assumirem cargos de direção técnica, mesmo sem formação alguma, no voleibol acontece a mesma coisa?

Há, de qualquer forma, a necessidade dos cursos da CBV ou FIVB, mas sem dúvidas, um ex-atleta acaba levando alguma vantagem em termos de valorização, sim. Tem os canais de oportunidades mais facilitados.

Como o mercado do voleibol vê os profissionais que querem ingressar nessa área, mas que não atuaram como atletas profissionais?

Não vejo muitos problemas, até porque aconteceu comigo. O mercado acaba se abrindo para quem apresenta um grande conhecimento da modalidade, não importando muito qual a via de acesso.

Como você vê o mercado atual para novos profissionais de voleibol? Existem oportunidades?

O mercado de voleibol é restrito por natureza. Poucas equipes e algumas delas ainda são de “propriedade” de alguns profissionais. Equipes são extintas a todo o momento, então, sempre tem mais profissionais qualificados do que equipes para trabalhar.

Quais seriam os profissionais que deveriam integrar a comissão técnica de uma equipe de alto rendimento, na base e no adulto (profissional)?

Além do treinador e dos assistentes técnicos, preparador físico, fisioterapeuta, médico, massagista ou atendente, fisiologista, auxiliares de quadra e de treino, supervisor, Scout man (filmagem e estatística).

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial?

Não existe um padrão salarial. Depende muito do orçamento da equipe. Em geral, os salários não são muito elevados.

Em sua opinião, existe um perfil de liderança ideal para o técnico de voleibol?

Não acredito em perfil ideal. Já tiveram grandes equipes lideradas por perfis bastante distintos.

Qual a sua visão sobre o futuro do voleibol no Brasil?

Acredito que seria necessário repensar o modelo de formação de atletas. O modelo de clubes formadores e seleções de base já está saturado e apresenta graves falhas.

Outra coisa que se deve avaliar mais profundamente é o modelo econômico de estruturação das equipes. As equipes dependem quase que exclusivamente de empresas patrocinadoras, o que leva a um número muito restrito de equipes de boas estruturas profissionais.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Não existe uma única via, mas o caminho que passa pelas categorias de base sempre oferece um grande aprendizado. Depois trabalhar como assistente técnico, para se aprender sobre o ambiente de uma equipe profissional e, enfim, trabalhar em equipes de menor expressão, mas que possibilitem, por meio de sua estrutura, a execução de um trabalho qualificado.

* ALEXANDRE STANZIONI (CREF 004756-G/SP) – Técnico de Voleibol. Treinador Nível IV pela Confederação Brasileira de Voleibol; Técnico das equipes: Vôlei Brasil Kirin/Campinas, São Bernardo Vôlei (masculino), Santander/Banespa (sub-20, sub-18), Seleção Paulista Masculina (sub-20); Coordenador técnico das categorias de base do Vôlei Brasil Kirin/Campinas e Santander/Banespa; Gerente de voleibol da equipe São Bernardo Vôlei; Assistente técnico do BMG/São Bernardo; Sócio Proprietário da MMKT Sports & Marketing; Pós-graduado em Treinamento Esportivo (USP); Pós-graduado em Gestão e Administração Esportiva (ESPM); Bacharel em Esporte (USP).