ENTREVISTA MARQUINHOS XAVIER – TREINADOR DE FUTSAL

Nessa entrevista falamos com o treinador de futsal Marquinhos Xavier*.

Marquinhos Xavier

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Qual a formação necessária para ser técnico de futsal? Existe algum curso específico?

Existe uma grande lacuna para esta resposta, porém acredito muito que seja importante uma formação acadêmica, em especial na Educação Física. Sobretudo, no que se refere ao conhecimento físico, técnico e emocional do atleta. Penso que a experiência e a vivência na prática da modalidade poderão ajustar muitas coisas, mas não é o fator primordial.

A formação precisa ser ampla e contemplada por outros tantos conhecimentos.

 

Como a formação dos técnicos de futsal no Brasil está em relação à formação no exterior?

Temos grande deficiência neste processo de formação, não somente por uma padronização, mas também no sentido da obrigatoriedade, este processo já foi muito maior, porém estamos conseguindo minimizar as diferenças e que ao meu ponto de vista não são em relação a qualidade, mas sim das oportunidades.

 

No futebol de campo se valoriza muito os ex-atletas para assumirem cargos de direção técnica, mesmo sem formação alguma. No futsal acontece o mesmo? Realmente a experiência como jogador é fundamental para a função de técnico?

Como mencionei anteriormente, acredito muito na formação acadêmica para a realização de um trabalho mais profundo e de conhecimento fundamentado. A experiência como ex-atleta é importante no processo comportamental, mas a função não exige apenas isso. Precisamos fugir do empirismo e buscar subsídios mais contundentes.

No Futsal diria que no Brasil o processo está bem avançado e dificilmente encontramos profissionais que não sejam formados, neste caso a obrigatoriedade tem nos ajudado.

Como o mercado do futsal vê os profissionais que querem ingressar nessa área, mas que não atuaram como atletas profissionais?

Temos ótimos treinadores que não passaram por esta experiência, prova de que se pode realizar um bom trabalho conhecendo a fundo os aspectos relevantes da modalidade, atualmente existem no Brasil muitos bons projetos de capacitação para formação de profissionais da área técnica e muitos não tiveram a oportunidade de atuar como atleta. Penso que o contrário é muito mais prejudicial.

Hoje se valoriza muito a profissão de técnico nos esportes coletivos, você acredita que os profissionais estão realmente preparados para essa valorização?

Se não estão, urgentemente precisam estar. Porque o papel do técnico nunca foi tão importante no processo de ensino, aprendizagem e melhora da performance dos atletas. Vejo uma grande necessidade de “induzir” o atleta ao caminho do desenvolvimento, por uma série de fatores eles hoje são muito mais dependentes da nossa intervenção, mais uma vez justifico o motivo pelo qual precisamos nos preparar melhor.

Quais seriam os profissionais que deveriam integrar a comissão técnica de uma equipe de alto rendimento, na base e no profissional?

Nem todas as equipes possuem uma comissão multidisciplinar, mas acredito ser de fundamental importância a figura do Preparador Físico, Preparador de Goleiros, Fisioterapeuta, Nutricionista, Psicólogo e de um Auxiliar Técnico, esse é o sonho de todo profissional responsável técnico.

Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial?

Não, não temos nenhum padrão econômico, o que na minha opinião denota realmente a desvalorização da classe pois percebemos uma discrepância muito grande em relação aos profissionais. Seriamos mais justos e igualitários se pensássemos na classe e não apenas na própria função.

Em sua opinião, existe um perfil de liderança ideal para o técnico de futsal?

O perfil é um caminho e no esporte temos vários caminhos, podemos chegar ao sucesso por varias vias e isso que nos torna exemplo inclusive para o mundo coorporativo, empresas e demais ramos profissionais. Podemos dar exemplos diversos pois possuímos uma grande capacidade de nos adaptarmos ao meio em que convivemos, talvez essa seja a maior virtude e característica que temos.

Qual a sua visão sobre o futuro do futsal no Brasil?

Suspeito a falar no momento, pois temos uma visão para o futuro que me motiva, penso que precisamos avançar muito em termos de organização, mas estou me lançando ao desafio e temos algo muito importante, matéria prima (atletas) com potencial de desenvolvimento, isso só não é garantia de nada, mas nos dará a possibilidade de, em nos organizando, melhorar nosso processos de evolução na modalidade.

Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a seguir?

Vou ser simples, e dizer que o caminho é perseverar. Todos os dias teremos motivos para desistir do sonho, o segredo e se preparar e acreditar que será possível.

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*Marquinhos Xavier é Técnico Profissional de Futsal. Atual Técnico da Seleção Brasileira de Futsal e da Associação Carlos Barbosa de Futsal – ACBF; Experiência Internacional: Futsal Club Marcianise, Marcianiase- Itália 2006; Bi-Campeão Paranaense de Futsal – Chave Ouro 2009/2013; De 2009 a 2014 Técnico da equipe de futsal da Copagril/Marechal C. Rondon-PR; Eleito duas vezes o Melhor Técnico da Liga Nacional de Futsal 2010 e 2015; Vice Campeão da Liga Nacional de Futsal – LNF 2010; Campeão Gaúcho de Futsal 2015; Indicado ao Prêmio de Melhor Técnico de Futsal do Mundo (Futsal Planet) – 2015; Campeão da Liga Nacional de Futsal – LNF 2015; Campeão da Taça Brasil de Clubes 2016; Vice-Campeão Mundial – Doha / Qatar 2016; Campeão da Supercopa de Futsal 2017; Campeão da Copa Libertadores de Futsal 2017; Graduado em Educação Física; Especializações em Ciência do Movimento Humano e Fisiologia do Exercício; Autor dos livros: FUTSAL – Início, Meio e Finalidade (2010) e FUTSAL – Da formação ao Alto Rendimento – Métodos e Processo do Treinamento (2017); Palestrante nos Cursos de Treinadores de Futsal pelo Brasil.

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