25 DICAS PARA ELABORAÇÃO E CONDUÇÃO DOS TREINAMENTOS DE FUTEBOL

  1. Inicie dos exercícios mais simples para os mais complexos, principalmente com crianças. Comece com exercícios em pequenos grupos e espaços e vá aumentando gradativamente de acordo com a assimilação e o amadurecimento dos atletas. Segundo TRAPATTONI (1999) o técnico deve, no início, estabelecer exercícios com regras simples e claras na construção de um time.
  2. Pense e elabore exercícios que se aproximem da realidade do jogo.
  3. Principalmente no treinamento com crianças, a variação dos exercícios é de extrema importância. Os exercícios devem ser baseados em formas de jogo que possibilite o desenvolvimento de várias capacidades ao mesmo tempo.
  4. Crie exercícios que obriguem os atletas a desenvolver a criatividade e a inteligência do jogo, ou seja, criar situações-problema.
  5. Desenvolver no atleta atividades que o obrigue a achar soluções próximas a realidade do jogo. TRAPATTONI (1999) concorda que o técnico deve fornecer exercícios que exijam que os jogadores achem as soluções para resolvê-los. SANTOS FILHO (2002) coloca ainda que fornecer aos atletas exercícios que os obriguem a tomar decisões dotará o atleta de melhores condições de desempenho durante as partidas.
  6. Criar não só dificuldade física, mas também mental.
  7. Evitar atividades fechadas que não desenvolvam a criatividade e o improviso “consciente”.
  8. O técnico deve criar exercícios em função do que ele observou durante as partidas.
  9. Escolher o sistema tático em função da qualidade e características dos jogadores.
  10. Procure adotar esquemas e táticas de fácil assimilação ao nível de seus atletas. Muitos treinadores inventam fórmulas mirabolantes e acabam por confundir os atletas e não conseguir seus objetivos.
  11. Não utilizar durante os jogos o que não foi treinado durante a semana, a menos que seja numa situação inesperada. Aqui entra o improviso e a criatividade do atleta.
  12. É importante estudar o esquema do adversário, para tentar neutralizar seus pontos fortes e atacar seus pontos fracos.
  13. Os exercícios táticos para o ataque devem iniciar em pequenos espaços com pequenos grupos (3 X 2; 3 X 3; 4 X 3; 5 X 5 etc.). À medida que os atletas forem se desenvolvendo utilize espaços grandes com 11 X 11.
  14. É importante ensinar os atletas a jogarem sem bola. O atleta deve saber tocar a bola e avançar para recebê-la em condição de dar prosseguimento a jogada. Esse é um erro muito comum no futebol em categorias de base, o jovem atleta após passar a bola, para e se torna um espectador do jogo. O técnico deve ensinar os atletas a se posicionarem em diagonal para receber o passe.
  15. Evitar passes laterais na armação ofensiva.
  16. O treinamento da marcação deve colocar os jogadores em situações próximas da realidade do jogo.
  17. Os técnicos/professores devem sempre enfatizar a roubada de bola sem a utilização da violência. O técnico/professor deve instruir seus alunos a tentar roubar a bola em pé, ou seja, evitar os carrinhos, evitar jogar sentado.
  18. Os treinamentos de marcação devem colocar os jogadores em situações individuais e coletivas.
  19. Crie exercícios em pequenos espaços para treinar a marcação individual.
  20. O técnico deve posicionar a sua equipe defensivamente a sua maneira e treinar, a princípio, sem adversário para que os atletas assimilem o seu posicionamento básico.
  21. É importante instruir e posicionar os atletas na marcação sem bola. O professor deve ensinar como o atleta deve observar o deslocamento do adversário.
  22. Não deixe os atletas perderem a concentração defensiva, ou seja, o atleta deve estar o tempo todo atento no deslocamento dos adversários e no posicionamento da bola.
  23. A maioria dos gols ocorre por falha da defesa, individual ou coletiva. Normalmente esses gols ocorrem por desatenção e falta de concentração.
  24. O técnico deve implementar durante os treinamentos todos os tipos de marcação, de pressão, cobertura, linha de marcação que achar necessário. É um erro comum os técnicos falarem para os atletas que querem esse ou aquele tipo de marcação, mas não treinarem isso.
  25. Deve-se estabelecer um padrão tático, uma forma organizada de jogar, mas nunca coibir os atletas de usarem o improviso e a habilidade.


Para MICHELS (2001) quando se pretende jogar com um estilo ofensivo, deve-se iniciar o desenvolvimento desse sistema nas categorias de base. A filosofia e o sistema de jogo exigem tempo de treinamento. Deve-se controlar o oponente se quiser jogar num estilo ofensivo. Afirma ainda que a construção de um time deve começar pelo setor defensivo.

Com equipes de semelhante nível técnico, a partida será decidida nos detalhes, portanto é necessário observar tudo que está a sua volta. O técnico deve se preparar para todas as eventualidades.

O técnico deve preparar sua equipe para todas as situações possíveis. Jogar com um a menos, jogar com um a mais, jogar contra equipe que marca pressão ou meia-pressão e outros. Quanto mais o técnico visualizar alternativas para as dificuldades e os erros que possam ocorrer durante a partida, mais recursos sua equipe terá para solucionar os problemas.

O técnico não deve cobrar nunca dos jovens atletas o que eles não planejaram, estudaram, vivenciaram, ensaiaram, aprenderam e treinaram durante as sessões de treinamento. Aquela frase antiga de que “jogo é jogo e treino é treino”, não se encaixa mais no futebol moderno. O jogo é o reflexo do treino. Os atletas só fazem em jogo o que fizeram nos treinamentos.

REFERÊNCIAS:

MICHELS, Rinus. Teambulding: the road to success. Spring City: Reedswain, 2001.

SANTOS FILHO, José Laudier Antunes. Manual de futebol. São Paulo: Phorte, 2002.

TRAPATTONI, Giovanni. Coaching high performance soccer. Spring City: Reedswain, 1999.

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Por Fabio Cunha*

* Técnico de Futebol; mestre em Ciências do Movimento (UnG); pós-graduado em Metodologia da Aprendizagem e Treinamento do Futebol (UGF); pós-graduado em Psicologia Esportiva (UCB); pós-graduado em Treinamento, Técnicas e Táticas Esportivas (Fac. Pitágoras) e Bacharel em Esporte com Habilitação em Treinamento em Futebol (USP). Autor dos livros: Torcidas no futebol: espetáculo ou vandalismo? e Técnico de futebol: a arte de comandar. Palestrante em cursos, seminários e congressos em todo o Brasil.

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